Açoriano Oriental
Ribeira Grande acolhe "Dona Margarida"
A peça "Dona Margarida", da Companhia de Atores de Oeiras e produzida nos Açores pela Pontilha, sobe ao palco do Teatro Ribeiragrandense, no próximo dia 25 abril, pelas 21h30.
Ribeira Grande acolhe "Dona Margarida"

Autor: Susete Rodrigues
“Dona Margarida” teve a sua estreia em Portugal em 2013 e é um   texto da dramatologia brasileira mais contado. Um texto forte escrito pelo Roberto Athayde ainda na altura da ditadura militar brasileira.

 

Segundo António Terra, encenador da Companhia de Actores, em declarações à Rádio Açores TSF, este é “um trabalho de interpretação muito forte e fala da ditadura no sentido de liberdade de expressão, o que representa a vontade do povo e acaba por ser uma provocação”. 

 

A “Dona Margarida”, é um monólogo e apresenta em cena uma professora que provoca o público na busca da sua reação e espontaneidade. A peça tem cerca de 40 minutos e é dividida em duas aulas de 20 minutos cada, passando por diversas fases, desde do cómico ao trágico.

 

Sandra José é a atriz que dá vida à professora/tirana desta história e que faz do público a sua turma. Para a atriz “cada espetáculo é uma novidade” porque  “nunca sabemos a reação do público, quer seja em São Miguel ou em outro local. É sempre imprevisível”. 

 

A atriz afirma que quando entra em palco nunca sabe o que vai acontecer:“Estou a dar uma aula e  os meus alunos são o público, são eles que intervêm na aula. Portanto eu provoco, faço perguntas e muitos deles respondem, mas cada espetáculo é novo”, acrescentando que “já tive públicos que não abriram a boca durante todo o espetáculo e tive públicos em que os tive que colocar de castigo”.

 

Questionada se foi buscar inspiração em alguém para construir a sua personagem, Sandra José afirma que não, explicando que a construção “da personagem vai muito pela leitura do texto e no perceber nas entrelinhas o que o autor diz”. 

 

Por outro lado a atriz teve a oportunidade de, através do encenador António Terra, receber “alguma partilha do autor Roberto Athayde. Consegui tirar algumas dúvidas e a partir daí foi trabalhar o texto e procurar na minha forma de estar e falar, aquelas frases”.

 

Tal como já aconteceu no continente, a peça na Ribeira Grande decorre a 25 de abril, uma data que não foi escolhida à toa.

 

Sandra José afirma que esta data tem um significado especial e que “na altura em que estreamos  usamos não a questão da ditadura em que o autor escreveu o texto mas a questão do poder que é exercido por aqueles que estão no topo, que se dizem mandar no povo”. “Acaba por ser um texto um pouco revolucionário neste aspeto porque obriga as pessoas a pensar, a tomarem a consciência para algumas coisas”, sublinha a atriz.
Oficina de Teatro

 

Entretanto, nos dias 24 e 25 de abril, decorre, no Teatro Ribeirangranse, uma Oficina de Teatro sob o tema “O Actor Compositor – um outro tempo dentro de si”, com António Terra.


A oficina será direcionada para um trabalho de tomada de consciência do eu e do outro, da voz, do corpo, da emoção e com uma abordagem prática e intensiva de experimentação do potencial criativo para o trabalho de ator.

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