Autor: lusa
“Os dados de 2009 revelam a profundidade da crise e que ela vai manter-se e pode acentuar-se”, afirmou Liberato Fernandes, em declarações à Lusa.
Os dados divulgados pelo presidente da federação indicam que 36 por cento dos pescadores ganharam menos de 100 euros por mês e que 31 por cento receberam entre 100 e 200 euros mensais.
Ainda segundo estas estatísticas, 18 por cento dos pescadores ganharam entre 200 e 300 euros mensais, 10 por cento receberam entre 300 e 400 euros e apenas cinco por cento auferiu mais de 400 euros mensais.
O presidente da Federação das Pescas dos Açores salientou, no entanto, que a atual crise económica está a contribuir para que muitos pescadores regressem à sua actividade de origem, depois de se terem mudado para a construção civil quando este setor registou um crescimento da actividade.
“A crise está a fazer com que voltem para a pesca muitos jovens e adultos que trabalhavam em serviços não especializados, como é o caso da construção civil, mas que agora, com a crise, querem voltar ao mar”, afirmou.
Liberato Fernandes considerou, por outro lado, que a crise atual está a afetar toda a fileira da pesca e não só os armadores e pescadores, frisando que o comércio de pescado também está a sofrer as consequências da globalização dos mercados.
“Chegam hoje aos Açores produtos congelados vindos de África, Ásia e América do Sul a preços extraordinariamente baixos, que são vendidos a preços inferiores à média da primeira venda em lota”, afirmou.
A quebra nas vendas regista-se, segundo Liberato Fernandes, não só nas espécies mais caras, mas também nas mais baratas, como é o caso do chicharro e da cavala.
“Em meados da década de 80, pescava-se e vendia-se quase quatro mil toneladas de chicharro, mas hoje em toda a região vendem-se cerca de mil toneladas”, frisou, salientando que esta redução de cerca de 75 por cento se reflecte “de forma aguda” nos rendimentos dos pescadores.