Açoriano Oriental
Redução de clientes locais e do continente complica negócio da restauração nos Açores
Uma "descida brutal" de clientela local devido aos efeitos da crise, agravada pela quebra no número de visitantes provenientes do continente, "complicou ainda mais" este verão a situação da restauração e serviços similares nos Açores
Redução de clientes locais e do continente complica negócio da restauração nos Açores

Autor: LUSA / Ao online

Num primeiro balanço à atividade dos restaurantes no arquipélago durante o período de férias, o porta-voz da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) na região, Luís Duarte, adiantou ter indicações de quebras de faturação em alguns estabelecimentos da ordem dos 50 por cento, em relação ao verão de 2011.

"A coisa não está nada boa", reconheceu, sublinhando que o "ano passado já tinha sido mau".

O responsável da AHRESP, que é proprietário de um restaurante em Ponta Delgada, considerou ainda que "se não fosse o mercado estrangeiro, a situação estaria pior".

Por seu lado, Luís Cogumbreiro, da Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada (CCIPD), admitiu, apesar de salientar que apenas são conhecidos os dados oficiais das dormidas na hotelaria açoriana até junho, que a redução no número de visitantes do continente poderá não ser compensada pelo crescimento da procura por parte de estrangeiros, especialmente alemães.

Para Luís Congumbreiro, que falou à Lusa também na condição de operador turístico, é "natural" que a diminuição da procura de visitantes nacionais tenha reflexos "particularmente relevantes" ao nível da restauração, uma vez que, em virtude dos seus hábitos alimentares, o "português valoriza o comer bem".

Pelo contrário, os turistas estrangeiros que procuram as ilhas dos Açores, de modo especial os nórdicos, "não atribuem grande importância" a essa componente da oferta, optando muitas vezes por recorrer aos supermercados.

Apesar de insistir ser "prematura" uma avaliação sobre o desempenho do turismo no arquipélago no período de verão, alegando desconhecerem-se os números para meses de grande concentração de procura - julho e agosto -, o responsável da CCIPD admitiu que poderá não se verificar "uma tão grande diferença" em relação ao ano passado.

Luís Congumbreiro declarou-se, por outro lado, confiante quanto ao desempenho do setor no próximo inverno, realçando as expectativas favoráveis no que se refere aos mercados alemão e belga.

A crise económica que se verifica em Portugal, sublinhou, está a contribuir para "atenuar a dependência" do turismo açoriano face ao mercado nacional.

Apesar da quebra de 16,5 por cento registada no primeiro semestre, as dormidas na hotelaria açoriana de hóspedes nacionais continuaram a representar 48 por cento do total.

Segundo dados do Serviço Regional de Estatística, o acréscimo de 1,9 por cento nas dormidas de estrangeiros revelou-se insuficiente para contrariar o recuo na procura dos hotéis, residenciais e pousadas, que atingiu, no primeiro semestre, um valor acumulado de 7,8 por cento.

Em matéria de receitas totais, a hotelaria açoriana acusou, nesse período, um recuo de 10 por cento, para um total acumulado de 16,7 milhões de euros.

No primeiro semestre deste ano, o rendimento médio por quarto caiu nos hotéis das ilhas 10,5 por cento, fixando-se nos 16,4 euros.

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