Autor: Lusa/Açoriano Oriental
André Bradford, que falava no encerramento das jornadas parlamentares socialistas, que se realizaram em Santa Cruz da Graciosa, disse que o partido "vai continuar preocupado e empenhado enquanto não fizer tudo o que estiver ao seu alcance para quebrar esse estado de coisas".
Citado por uma nota de imprensa, o também vice-presidente do PS/Açores afirmou que o grupo parlamentar quer avançar ainda com o sistema do voto em mobilidade, uma proposta já apresentada na legislatura anterior.
"A oposição, sobretudo a oposição de direita, não quis acompanhar essa pretensão na passada legislatura. Mantemos essa intenção, porque esta é uma das formas de facilitar o acesso ao voto e esperamos que haja um acompanhamento das oposições que, na altura, não quiseram ser parceiros desta transformação", declarou André Bradford.
O dirigente exemplificou com o caso dos eleitores açorianos deslocados noutras ilhas ou no continente por razões diversas como, estudos, trabalho ou até por motivos de saúde.
Para o responsável, a abstenção não deve ser um combate exclusivo do partido: o objetivo é "gerar os mais amplos entendimentos" entre partidos para que as medidas "tenham outro tipo de força" e os resultados "possam ser mais eficazes".
O líder da bancada socialista quer ainda o envolvimento da sociedade civil para que esta não seja uma discussão "à porta fechada", afastada da opinião e dos anseios dos cidadãos.
Na terça-feira, André Bradford referiu que a diferença entre os eleitores residentes e não residentes de longo prazo "pode significar 12% a 15% da taxa de abstenção da região".
André Bradford, que falava num debate público no âmbito das jornadas, afiançou que "há, garantidamente, cerca de 20 mil eleitores a mais nos cadernos eleitorais, do que o total da população residente".
"Ou seja, se descontarmos aos residentes a população com menos de 18 anos, aqueles que por lei estão impedidos de votar, verificamos que o número restante é inferior ao número total de eleitores", declarou.
André Bradford apontou ainda que existem "mais 17.500 votantes que surgiram de um ato eleitoral para o outro nos Açores", o que, na sua leitura, não se traduz no aumento real de pessoas a residir no arquipélago.
Nas eleições legislativas regionais de 16 de outubro, dos 228.162 inscritos nos cadernos eleitorais, 59,15% não votaram.
Desde as eleições regionais de 2008 que a abstenção em eleições regionais nos Açores ultrapassa os 50%, ou seja, mais de metade dos eleitores não vota.
O concelho da Lagoa, na ilha de São Miguel, foi o campeão da abstenção, com cerca de 66%.