Açoriano Oriental
Primeira prova científica da ligação do vírus Zika à microcefalia
Cientistas divulgaram ter encontrado a primeira prova de uma ligação biológica entre o vírus Zika, com grande propagação na América Latina, e a microcefalia em recém-nascidos.
Primeira prova científica da ligação do vírus Zika à microcefalia

Autor: Lusa/AO online

 

Segundo a equipa de especialistas, testes de laboratório revelaram que o vírus atinge as principais células envolvidas no desenvolvimento do cérebro, destruindo-as ou desativando-as posteriormente.

A microcefalia é um distúrbio de desenvolvimento fetal que resulta num perímetro do crânio infantil mais baixo do que o normal, com consequências no desenvolvimento do bebé.

Estes resultados são a primeira prova concreta da existência de uma ligação entre o vírus, transmitido por picada de mosquitos infetados, e a microcefalia, segundo Guo-li Ming, professor de neurologia no Instituto Johns Hopkins de Engenharia Celular (Estados Unidos) e um dos responsáveis pelo estudo.

Até agora, de acordo com o mesmo especialista, as evidências encontradas eram circunstanciais.

A investigação, hoje publicada na revista Cell Stem Cell, mostrou que o vírus Zika afetou as células estaminais neurais desenvolvidas em laboratório equivalentes às que compõem o córtex cerebral durante o desenvolvimento do cérebro humano.

Após terem sido expostas ao vírus, as células estaminais foram infetadas em três dias e mostraram uma grande capacidade de resistência, o que pode ser um obstáculo na hora de avançar com um tratamento.

O vírus interferiu diretamente com o crescimento das células e com o seu funcionamento. Algumas células morreram depois de terem sido infetadas.

“É significativo porque somos literalmente os primeiros no mundo a saber que o vírus pode infetar estas células tão importantes e interferir com a sua função”, referiu, num comunicado, Hengli Tang, professor de ciências biológicas na Universidade da Florida e outro dos autores do estudo.

Este estudo foi realizado em apenas um mês, o que mostra a urgência com que está a trabalhar a comunidade científica internacional para responder às questões mais prementes sobre o Zika, nomeadamente a sua possível relação com a microcefalia e o síndrome Guillain-Barré (transtorno neurológico).

Segundo a Organização Pan-americana de Saúde (OPS), o continente americano já tem mais de 134.000 casos do vírus Zika suspeitos e 2.765 confirmados, mas a OPS considera os dados conservadores, porque 80% das pessoas não têm sintomas.

O Brasil é um dos países mais afetados, com a estimativa de 1,5 milhões de pessoas infetadas.

Esta semana, as autoridades brasileiras confirmaram 641 casos de microcefalia e 139 bebés com malformações congénitas que morreram, desde o início do surto do vírus Zika em outubro passado.

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