Açoriano Oriental
Prevenção de doenças humanas contribui para aumentar população de gorilas no Uganda
A prevenção de doenças humanas transmissíveis aos gorilas das montanhas, em perigo de extinção no Uganda, é o trabalho do grupo 'Conservation Through Public Health' (CTPH), fundado por uma das primeiras conservacionistas africanas Gladys Kalema-Zikusoka.

Autor: Lusa/AO online

Os programas do CTPH (Conservação Pela Saúde Pública) destinam-se a prevenir doenças infeciosas como a diarreia, sarna e tuberculose, que são facilmente transmitidas pela população humana aos gorilas.

"Atualmente, a nossa investigação foca-se na transmissão de doenças entre as pessoas e os gorilas. Analisamos regularmente, pelo menos uma vez por mês, amostras fecais de um grupo de gorilas, do qual nos podemos aproximar, para ver se estão a ser contaminados na interação com gado ou pessoas", disse a fundadora e presidente do grupo, em entrevista à cadeia de televisão norte-americana CNN.

E se estiverem, o CTPH entra imediatamente em contacto com a Autoridade de Proteção da Vida Selvagem ugandesa, acrescentou. "O CTPH debate a situação com as autoridades e juntos decidimos o que fazer".

Kalema-Zikusoka afirmou ser essencial educar as comunidades humanas locais que vivem próximo dos gorilas, nas densas florestas da África central, nas montanhas Virunga, que se estendem pelo Ruanda, Uganda e República Democrática do Congo e no Parque Nacional Impenetrável de Bwindi, no Uganda, património mundial da UNESCO desde 1994.

"Temos também um programa paralelo (…) através do qual procuramos melhorar a saúde da comunidade e, assim, podemos observar e avaliar a saúde dos gorilas", acrescentou Kalema-Zikusoka.

Em 1996, um surto de sarna infetou um grupo de gorilas, que só recuperou após tratamento.

"Este surto em 1996, quando trabalhava como veterinária para a Autoridade de Proteção da Vida Selvagem ugandesa, começou nas pessoas que viviam no parque (de Bwindi), em condições sanitárias precárias. Apesar dos tratamentos e da recuperação dos adultos, os gorilas bebés morreram todos", explicou Kalema-Zikusoka.

O CTPH, um grupo sem fins lucrativos, está a angariar fundos para construir uma clínica para gorilas maior, e um centro educacional comunitário.

"Penso que todas as pessoas deviam proteger os gorilas. São gigantes muito gentis e para a comunidade local uma fonte de rendimentos devido ao ecoturismo e programas de observação de gorilas", disse.

Cada grupo de gorilas representa, no mínimo, um milhão de dólares por ano para as comunidades locais, além de garantir postos de trabalho na indústria turística, acrescentou a cientista.

"É preciso garantir o equilíbrio entre conservação e economia. Por isso, limitamos o número de turistas que podem visitar os grupos de gorilas", explicou.

Os maiores primatas do mundo vivem sob a constante ameaça da caça ilegal, desflorestação e doenças humanas, mas os últimos dados indicam que o número de indivíduos está a aumentar.

O censo de 2012, realizado pelas autoridades ugandesas, identificou 400 gorilas de montanha a viver no parque de Bwindi, o que eleva a população total a cerca de 880. Em 2010, o total era de 786 gorilas.

"Existem tão poucos, por isso estamos muito satisfeitos por os números estarem a começar a crescer", disse Kalema-Zikusoka. 

PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados