Autor: Lusa/AO online
François Hollande, numa breve declaração aos jornalistas no final de uma reunião de trabalho com o primeiro-ministro português, António Costa, salientou que as sanções serão demais e que Portugal "já deu muito à Europa".
"Precisamos de regras comuns mas também precisamos de flexibilidade e Portugal já desenvolveu enormes esforços e sacrifícios", disse Hollande.
"O que venho hoje dizer a Portugal é que precisamos de regras comuns, fazemos parte de um todo, mas precisamos de solidariedade e de esperança. O povo não pode viver apenas de procedimentos e deve viver de projetos e o projeto europeu não se pode reduzir simplesmente a regras e à disciplina, são necessárias, sim, mas também não podem constituir o caminho que queremos seguir para a Europa". Sublinhou.
Salientando que Portugal e a França são "dois grandes países europeus", Hollande recordou a "lucidez" do antigo presidente francês François Mitterrand, que, "logo após a queda da ditadura", após 25 de abril de 1974, convidou Portugal a aderir à Europa, então a Comunidade Económica Europeia (CEE), atual União Europeia (UE).
"Há a questão de Portugal, país que fez esforços enormes, que consentiu muitos sacrifícios para respeitar as regras. A França deseja que a Comissão Europeia tome depressa uma decisão, pois não podemos pedir a Portugal mais do que já fez e é importante que Portugal possa, ele próprio, mostrar que, em 2016 e 2017, os compromissos serão cumpridos", sustentou.
"Quanto mais depressa as decisões forem tomadas mais simples será o processo, que é o mesmo que dizer que, não se podem infligir sanções a países que têm trabalhado para ter maior competitividade e para que haja coesão da Zona Euro", frisou Hollande.
Sobre a saída do Reino Unido da UE, o Presidente francês defendeu a necessidade de se acelerar o início do processo de negociações com Londres, tema que será aprofundado na próxima cimeira europeia, a realizar em Bratislava.
"É preciso acelerar a abertura das negociações com a Reino Unido, para que, depois, a Europa possa, ela própria, definir a sua relação com países amigos, como o Reino Unido", afirmou, acrescentando que, em Bratislava, será também aprofundado
o que poderá ser a construção europeia nos domínios da segurança, proteção, investimento, emprego e juventude, bem como o reforço da Zona Euro.