Açoriano Oriental
Portugal entre os quatro melhores no adeus de Pauleta
A seleção portuguesa de futebol repetiu, quatro décadas depois, a presença nas meias finais de um Mundial, ao ser quarta em 2006, na Alemanha, despedindo-se em beleza de Figo e Pauleta.
Portugal entre os quatro melhores no adeus  de Pauleta

Autor: Lusa/AO Online

A formação das "quinas" foi a que mais entreteve o público, numa eleição FIFA, mas, mais do que encantar, intrometeu-se entre os "gigantes" porque foi uma verdadeira equipa, à custa de uma inabalável e contagiante união, marca Luiz Felipe Scolari.

Dois anos após a amarga derrota na final do Euro2004, em casa, perante a Grécia (0-1), Portugal só ficou atrás dos "monstros" Itália, França e Alemanha, superiorizando-se a Brasil e Argentina ou Inglaterra e Holanda, duas formações que afastou, nos "quartos" e "oitavos", respetivamente.

Sete golos, menos do que os (nove) apontados por Eusébio na campanha que acabou em "bronze" em 1966, chegaram para o quarto posto, num trajeto que terminou com duas derrotas, perante a França (0-1), nas "meias", como nos Europeus de 1984 e 2000, e a Alemanha (1-3), no jogo de consolação.

Para a história, ficou, ainda assim, uma grande proeza, uma prestação para recordar sempre, mesmo que, em termos exibicionais, tenha ficado aquém do esperado e do conseguido nos Europeus de 2000 e 2004.

A um coletivo que chegou a parecer inexpugnável e só foi derrubado por um pormenor, face aos gauleses, faltou acrescentar o génio, os momentos de inspiração individual, de Cristiano Ronaldo ou Figo, que rarearam, ou mais golos de Pauleta, que só faturou na estreia.

Os grandes golos de Maniche (dois) e Deco (um) e, sobretudo, a notável exibição de Ricardo como a Inglaterra, ao deter três pontapés na "lotaria", um recorde, foram, juntamente com a surpresa Fernando Meira, o "mais" de uma campanha que chegou a prometer... Berlim.

Em termos numéricos, ficam quatro vitórias (1-0 a Angola, 2-0 ao Irão e 2-1 ao México, na primeira fase, e 1-0 à Holanda, nos oitavos de final), um empate com sabor a triunfo (0-0 após prolongamento e 3-1 na "lotaria", com Inglaterra, nos "quartos) e as duas derrotas a terminar.

O "nulo" com os ingleses deixou em 11 o número de triunfos consecutivos de Scolari em Mundiais, após os sete com o Brasil em 2002, rumo ao cetro, e o desaire com os gauleses colocou um ponto final em 19 jogos sem perder da equipa lusa, mas, então, Portugal já tinha feito história.

Para a lenda entraram também Figo, que se despediu da seleção após um recorde de 127 internacionalizações "AA" e como único sobrevivente da "geração de ouro", e Pauleta, ao fixar em 47 o número de tentos marcados com a camisola das "quinas", mais seis do que os 41 do "rei" Eusébio.

A formação das "quinas", que garantiu os "oitavos" logo ao segundo jogo da primeira fase, superando desde logo as "trágicas" presenças nas fases finais de 1986 e 2002, já chegou à Alemanha embalada, após uma qualificação sem mácula - nove vitórias e três empates.

Um grande pragmatismo, um "onze" coeso e imutável e um "enorme" Cristiano Ronaldo (sete golos e seis assistências) foram a "chave" do apuramento, num grupo (com Eslováquia, Rússia, Estónia, Letónia, Liechtenstein e Luxemburgo) que se mostrou tão acessível como parecia na hora do sorteio.

Tirando um espaço de cinco dias em que Portugal passou do péssimo (2-2 no Liechtenstein, após estar a vencer por 2-0) ao excelente (7-1 à Rússia), o percurso foi regular, com apenas mais dois empates cedidos: 1-1 em Bratislava e 0-0 em Moscovo, onde Scolari só "quis" empatar.

Assim, e apesar de humilhado em Vaduz, Portugal, com o regressado Figo na segunda metade, cumpriu a segunda qualificação consecutiva sem derrotas (após a do Mundial de 2002) e, como em 1966, garantiu o apuramento a uma ronda do final (2-1 ao Liechtenstein, em Aveiro).

As facilidades têm, porém, muito a ver com Cristiano Ronaldo, então no Manchester United, que tratou do assunto sozinho em várias situações, merecendo também destaque os 11 tentos de Pauleta, que ultrapassou no derradeiro jogo de qualificação, já só para cumprir calendário.

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