Açoriano Oriental
Ponta Delgada homenageia líder histórico do movimento pela independência dos Açores
A Câmara de Ponta Delgada homenageia esta segunda-feira o líder histórico do movimento pela independência dos Açores, José de Almeida, com uma placa na casa onde nasceu, nos Remédios da Bretanha.
Ponta Delgada homenageia líder histórico do movimento pela independência dos Açores

Autor: Lusa/AO Online

Segundo uma nota de imprensa desta autarquia da ilha de São Miguel, “a homenagem surge na sequência de uma proposta apresentada pela Comissão Municipal de Toponímia, em 11 de junho de 2015 e aprovada, em reunião de câmara, a 09 de dezembro do mesmo ano”.

À agência Lusa, o presidente da câmara, José Manuel Bolieiro, considerou que esta é uma “homenagem sempre a tempo”, referindo que “em qualquer altura ela era merecida”, mas agora, “também fruto da controvérsia, é feita num ambiente de maior serenidade”.

José Manuel Bolieiro adiantou que se trata do reconhecimento do município “a uma figura política e cívica que foi José de Almeida, num tempo revolucionário e de democratização de Portugal, em que se afirmou, no pleno uso da sua liberdade, como um defensor da independência dos Açores”.

“É um pensamento que naquele momento revolucionário, em liberdade e democracia, pôde expressar”, afirmou o autarca, adiantando que “não foi esta a vontade maioritária do povo dos Açores, que consolidou um processo de autonomia política no âmbito de um Estado unitário, mas que não invalida a expressão de um pensamento alternativo”.

Segundo informação na Enciclopédia Açoriana, da responsabilidade da Direção Regional da Cultura e disponível na Internet, José de Almeida (1935-2014), filho de uma família numerosa (foi o 18.º filho), estudou no Instituto Missionário dos Padres do Espírito Santo, em Braga, vindo a licenciar-se em História pela Faculdade de Letras do Porto.

“Exercendo as funções docentes, seria eleito deputado à Assembleia Nacional pelo círculo de Viana do Castelo durante o período marcelista”, refere a mesma enciclopédia, adiantando que com a Revolução de 25 de Abril de 1974 se tornou “num dos mais destacados elementos do Movimento Nacionalista Açoriano - Frente de Libertação dos Açores (FLA)”.

Numa reunião deste movimento realizada em Londres a 08 de abril de 1975, foi escolhido para presidente do governo provisório e clandestino dos Açores e, como líder da FLA, desdobrou-se em diversas iniciativas realizadas nos Açores, em Portugal continental e no estrangeiro, “com a finalidade de conduzir o arquipélago à independência, à semelhança do que havia acontecido às ilhas de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe”.

Na sua última intervenção pública, a 06 de junho de 2014, José de Almeida afirmou que "a luta pela independência vai continuar a ser um caminho".

"Apesar do que possam dizer, apesar do que possam pensar, estarmos aqui reunidos é uma manifestação de força. É uma manifestação de definição a dizer nós somos açorianos e queremos ser e vamos ser independentistas”, declarou, numa sessão promovida pela FLA para assinalar mais um aniversário do 06 de junho de 1975, quando uma manifestação juntou dez mil pessoas em Ponta Delgada, na sua maioria lavradores, que se batiam por várias revindicações e contra o regime de Lisboa.

Nesta ocasião, José de Almeida admitiu que a FLA se sentiu "traída" neste percurso.

"Nós tivemos traidores, gente que sabotou o raciocínio dos açorianos a caminho da independência", declarou, assegurando: "Há gente que sabe o que quer e que sabe que o melhor para os Açores é a independência".

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