Açoriano Oriental
Pirotecnia matou mais em Portugal em dez anos do que o nuclear no mundo
Na última década morreu menos gente por causa do nuclear no mundo do que em Portugal na indústria pirotécnica, revelou hoje em Vila Nova de Gaia o presidente da Comissão Reguladora para a Segurança das Instalações Nucleares.
Pirotecnia matou mais em Portugal em dez anos do que o nuclear no mundo

Autor: LUSA/AO Online

Na palestra "Alterações climáticas: desafios para o futuro", que encerrou o Fórum Internacional "Gaia todo o mundo", António Sá da Fonseca procurou desdramatizar o peso sobre a indústria nuclear. "Na última década morreu menos gente por causa do nuclear no mundo que em Portugal na indústria pirotécnica", disse o especialista que, ainda assim, se manifestou a favor da ausência da indústria nuclear no território nacional. Num planeta onde só a China está a construir centrais nucleares com regularidade, António Sá da Fonseca revelou que, na "Europa, existe a maior cultura de segurança no mundo" e que o nuclear é um processo que todos querem ver reduzido. Como exemplo, aquele responsável citou a França "onde o nuclear vai manter-se entre os 20 e 30% para assim sustentar com grande fiabilidade os carros e transportes públicos elétricos". No debate participou também o presidente do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Filipe Duarte Santos que, sobre a retirada dos Estados Unidos do Acordo Paris, disse "implicar um esforço adicional para os demais países signatários". "Os Estados Unidos significam entre 0,2 e 0,3 graus dos dois graus que se quer impedir que a temperatura suba nos próximos anos", disse. Simultaneamente, Filipe Duarte Santos vê sinais de otimismo em relação ao futuro porque, "em muitos países, já está a ocorrer uma transição energética, como é o caso da China e até da União Europeia". Sobre Portugal, disse "ser, no Sul da Europa, o país que dispõe de maior percentagem de energias renováveis na era da eletricidade". Para o presidente da Associação Portuguesa de Economia da Energia do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Jorge Vasconcelos, o anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump "só seria preocupante se a China o acompanhasse". "O que vai acontecer é que as empresas, cidades e estados federais vão continuar a reduzir as emissões de dióxido de carbono e, não podendo abandonar antes de 2021 o Acordo de Paris, o único sentido prático do anúncio de Trump será o desinvestimento da administração norte-americana nas energias renováveis", argumentou. A sessão iniciou-se com um minuto de silêncio pelas vítimas do incêndio em Pedrógão Grande, após o que António Sá da Fonseca explicou que devido às alterações climáticas "o risco de incêndios florestais vai aumentar". "Para isso contribui o facto de a temperatura ter subido 1,1 graus em relação há 250 anos, com as ondas de calor a serem cada vez mais frequentes e ter-se registado uma redução de precipitação no Sul da Europa", explicou. Da Religião à Moda, passando pelas Instalações Nucleares, Energia, Hidrografia ou Cidades Sustentáveis, foram mais de 20 as personalidades de vários pontos do mundo que participaram em painéis de debate no fórum em Vila Nova de Gaia, em locais tão distintos como a Capela Convento Corpus Christi ou o Armazém 22.

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