Açoriano Oriental
Desemprego
Pires de Lima recomenda "mais realismo" aos governantes
O presidente da Unicer e presidednte do Conselho Nacional do CDS/PP, António Pires de Lima, defendeu que “os governantes deviam adoptar uma visão mais realista” sobre o desemprego.

Autor: Lusa / AO online
“É difícil antever, a curto prazo, uma solução para este problema”, acrescentou Pires de Lima que falava durante uma conferência da série “Olhares Cruzados sobre o Porto”.
A iniciativa, que terminou na madrugada de hoje, organizada pelo jornal Público em parceria com a Universidade Católica, abordou o tema “A região e o desemprego”.
“O cenário não vai melhorar nos próximos tempos”, sustentou Pires de Lima, pedindo realismo, em especial à classe política.
“Custa-me muito ver determinados políticos prometer futuros próximos de melhoria da situação”, disse.
Os governantes, acrescentou o gestor, deviam adoptar “uma visão mais realista” e, assim, admitir que o desemprego pode chegar aos nove ou dez por cento, nos anos que se seguem.
Pires de Lima referiu que “a Espanha, quando mudou de paradigma empresarial, gerou taxas de desemprego brutais”, na casa dos 15 por cento, e “hoje tem uma taxa inferior à portuguesa”.
A Região Norte, frisou o empresário, está mais pobre, em boa medida, devido à sua “incapacidade para antecipar o que era evidente”, ou seja, “que este modelo empresarial não ia subsistir”.
Pires de Lima referia-se aos modelos tradicionais, nomeadamente porque tiveram “dificuldades em separar o capital da gestão”.
A conferência teve uma exposição geral inicial sobre a região Norte e o desemprego, a cargo da professora Pilar Gonzalez, da Faculdade de Economia do Porto.
 Esta especialista sustentou que o desemprego “é mais desfavorável” naquela região do que no resto do país” e que foi também no Norte que “cresceu mais”, no período 2000-2007.
Pilar Gonzalez frisou ainda que o “desemprego não é neutro”.
“Atinge mais as mulheres, os jovens, os desempregados à procura de novo emprego e os de longa duração e os menos escolarizados”, disse.
O Norte é, segundo a especialista, o campeão desses indicadores e na Área Metropolitana do Porto destacam-se três concelhos: Vila Nova de Gaia, Valongo e Espinho.
Segundo Pilar Gonzalez, uma das razões para esta realidade regional é o facto de haver “menos criação de empresas”, motivo pelo qual “tem existido um défice de criação de emprego”.
A especialista deixou ainda algumas interrogações, nomeadamente sobre a “consciência da função social por parte das empresas”, e identificou “um risco de pobreza e exclusão social” nesta região com origem no desemprego crescente.
Pilar Gonzalez, a propósito, lembrou que mais de 30 por cento dos beneficiários da Rendimento Social de Inserção (RSI) vivem no Norte do país.
Pires de Lima e o padre Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social (CNIS) participaram como comentadores na conferência, moderada pelo economista Alberto Castro.
Lino Maia subscreveu a posição do empresário, afirmando que “não está muito optimista relativamente à possibilidade de se contrariar o crescimento do desemprego”.
O presidente da CNIS pensa que “a situação seria bastante mais grave se não fossem as instituições de solidariedade social”, cuja actuação, afirma, “absorve muito do impacto negativo causado pelo desemprego”.
Os dois comentadores convergiram que a região também perdeu fulgor porque, como resumiu Lino Maia, “o país está mais inclinado para Lisboa”.
O presidente da Unicer entende que “é importante que se reflicta a sério” sobre a regionalização, porque “o poder político é uma condição fundamental para que o poder económico possa florescer”.
Como exemplo positivo, apontou o caso espanhol.
Pires de Lima deu ainda um conselho às empresas nortenhas: “para certos campeonatos empresariais” é importante investir nas “competências relacionais”, isto é em pessoas que possam “abrir portas” nos corredores do poder.
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