Açoriano Oriental
Perto de metade dos negócios de microcrédito apoiados é bem sucedida
Perto de metade dos mais de 1100 negócios apoiados pela Associação Nacional de Direito ao Crédito (ANDC) cujo prazo de reembolso do microcrédito já terminou mantem-se ativo atualmente, segundo um estudo divulgado em Lisboa.
Perto de metade dos negócios de microcrédito apoiados é bem sucedida

Autor: Lusa/AO online

Apresentado durante a conferência “15 Anos de Microcrédito em Portugal” - que decorre no âmbito do I Dia Nacional do Microempresário, que se assinala no sábado - o estudo “Microcrédito - Uma Avaliação de Casos em Portugal” visou “conhecer a situação atual dos negócios apoiados pela ANDC junto dos indivíduos que até 2012, inclusive, concluíram o reembolso do microcrédito recebido”.

Dirigido a pessoas que, de outra forma, não teriam acesso ao crédito bancário, o microcrédito é um pequeno empréstimo bancário (até 15.000 euros) destinado a apoiar projetos de investimento que visem a criação de autoemprego ou a criação de empresas por parte de pessoas desempregadas.

Mais do que a mera atribuição de crédito, o processo do microcrédito prevê apoio aos candidatos na preparação do dossier de investimento e, após o financiamento, na resolução dos problemas com que se possam confrontar com o desenvolvimento do negócio.

Segundo as conclusões do estudo da ANDC, cerca de 46% dos 1.146 negócios apoiados pela associação que concluíram o reembolso do crédito entre 2002 e 2012 mantêm-se ativos.

Para os que terminaram, o insucesso resultou sobretudo de razões de mercado (58%), razões financeiras (33%) ou razões pessoais (15%).

Em declarações à agência Lusa, o presidente da direção da ANDC considerou tratar-se de um “número muito positivo”: “A taxa média de sobrevivência das empresas nacionais é de 48% a dois anos e de 30,7% a cinco anos. Nós temos uma taxa de sobrevivência de 46% com vida média acima de sete anos, o que é claramente superior à média das empresas portuguesas e, mesmo a nível internacional, é muito bom”, sustentou.

Para Luís Meneses, o que atualmente “preocupa” a associação é a deterioração do rácio de projetos aprovados, que atribui, “sobretudo, à crise”.

“Nos anos anteriores tínhamos rácios de um para nove, ou seja, em cada nove pessoas que nos procuravam, só uma conseguia chegar ao fim do processo, ter o crédito aprovado e lançar o negócio. Esse rácio ainda piorou este ano e anda, agora, à volta de um para 15”, disse.

Segundo o presidente da ANDC, esta situação resulta quer da deterioração das condições financeiras - que leva a que cada vez mais pessoas tenham incidentes bancários ativos e, consequentemente, fiquem sem acesso ao crédito - quer da diminuição da procura interna, “porque muitos destes negócios são negócios locais que se ressentem muito com a redução do poder de compra”.

Neste contexto, a associação prevê encerrar este ano com um crescimento de cerca de 15% face a 2012 nos contactos de interessados em recorrer ao microcrédito, mas o número de casos concretizados vai ficar aquém do ano passado.

Do estudo realizado pela ANDC resulta ainda que, para 20% dos inquiridos que mantêm o negócio, este tem evoluído “muito bem” e para 33% tem evoluído “bem”, enquanto para 36% a evolução “é nem boa nem má” e para 11% tem sido “má”.

Uma avaliação que, para a associação, coloca a evolução do negócio numa perspetiva positiva”.

Segundo a ANDC, esta “situação positiva ganha ainda mais expressão” no que se refere às expectativas de continuidade do negócio, já que 47% dos inquiridos dizem que este “irá continuar de certeza” e 43% afirmam que “provavelmente vai continuar”.

Para Luís Meneses, ainda mais representativo é o facto de 72% dos inquiridos, incluindo os que não continuaram o negócio, considerar o projeto de microcrédito como “muito importante” para a sua vida pessoal e 49% afirmar que este “contribuiu muito para que a vida melhorasse”.

O estudo resultou do inquérito a uma amostra representativa de 103 microempresários que obtiveram financiamentos apoiados pela ANDC e concluíram o respetivo reembolso entre 2002 e 2012.

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