Açoriano Oriental
PCP apela a união contra "ganância de proprietários" de freguesias de Ponta Delgada
O PCP apelou hoje aos rendeiros de três freguesias de Ponta Delgada para se unirem e lutarem contra a "ganância de proprietários" ausentes e considerou que o Governo dos Açores não se pode alhear desta questão.

Nas últimas semanas, habitantes de várias freguesias rurais do concelho de Ponta Delgada receberam cartas dos herdeiros do grande terra-tenente Caetano Andrade de Albuquerque (1844-1900) a comunicar atualizações de rendas ou a denunciar contratos de arrendamento de terrenos agrícolas, alguns deles que passaram de geração em geração, dentro das famílias, o que está a gerar uma onda de preocupação.

Uma dessas freguesias é as Sete Cidades, local emblemático de São Miguel e dos Açores, onde os 32 produtores de leite da localidade estão em risco, segundo a Junta de Freguesia, que sublinha que a maioria montou explorações em terrenos arrendados à família Andrade de Albuquerque, dona da maioria das terras na zona e mesmo do chão onde foram construídas grande parte das casas da freguesia.

"O PCP reafirma a legitimidade soberana de quem faz a terra produzir e das comunidades que aí residem há gerações. Uma legitimidade que não pode ser posta em causa em nome da ganância de proprietários ausentes que, depois de décadas de desinteresse e abandono pelas suas propriedades, procuram agora ilegitimamente extorquir dos rendeiros rendas mais avultadas, sem se preocuparem que essa sua intenção coloca em causa os meios de sobrevivência e a habitação dos rendeiros e das populações", refere o partido, num comunicado.

Os comunistas consideram que está uma "questão de interesse público e importância regional", pelo que o Governo dos Açores não pode "alhear-se" do caso e tem de "assumir a defesa do interesse público que, no caso vertente, é coincidente com os interesses dos rendeiros e das populações".

"O PCP apela aos rendeiros destas três freguesias [Sete Cidades, Mosteiros e Santo António Além Capelas] para que se unam e se organizem e lutem pelos seus direitos, para que resistam ao aumento das rendas e às rescisões de contratos, por todos os meios ao seu alcance. A ganância privada não se pode sobrepor ao interesse público", sublinha o partido.

No comunicado, que revela as conclusões de uma reunião da direção do PCP/Açores, que se realizou no último sábado, o partido reafirma ainda a sua condenação à opção pela incineração de lixo no arquipélago, através da construção de duas centrais desse género, nas ilhas de São Miguel e Terceira.

Para os comunistas, esta opção "não foi fundamentada nem discutida publicamente" e "pretende apenas abrir uma nova frente de negócio privado", ao mesmo tempo que pode colocar em causa o "desejável" aumento da reciclagem de resíduos, que “tenderão a ser desviados para garantir a sustentabilidade mínima das incineradoras".

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