Açoriano Oriental
Passos Coelho dá Dias Loureiro como exemplo de alguém bem-sucedido apesar de partir do interior
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, apresentou hoje Dias Loureiro como alguém que foi bem-sucedido apesar de ter partido do interior do país, numa reposta à porta-voz do BE no parlamento.
Passos Coelho dá Dias Loureiro como exemplo de alguém bem-sucedido apesar de partir do interior

Autor: Lusa/AO Online

"É verdade que me encontrei com o senhor doutor Dias Loureiro, e espero que ele não se sinta visado nem ultrapassado por eu ter suposto que - estou convencido que ele sabe - com o que viu no mundo e com a experiência que adquiriu, partindo de Aguiar da Beira, que não é por se viver no interior, que hoje não podemos, graças às muitas renovações tecnológicas, graças a muito trabalho de transformação da economia portuguesa, vencer na vida e ter negócios bem-sucedidos", afirmou Passos Coelho.

O primeiro-ministro foi confrontado com as declarações que proferiu sobre Dias Loureiro na sexta-feira pela porta-voz do BE, Catarina Martins, que responsabilizou o antigo ministro de Cavaco Silva pela "fraude" do BPN, apoiando-se nas conclusões da comissão parlamentar de inquérito aquele banco.

Catarina Martins conseguiu, na mesma intervenção e a propósito das mesmas afirmações do chefe de Governo sobre Dias Loureiro, interrogar Passos Coelho sobre o conteúdo de um capítulo de uma biografia autorizada sua lançada na terça-feira em que se lê que Paulo Portas, em 2013, comunicou a sua demissão do Governo através de uma mensagem de telemóvel.

Ironicamente, a porta-voz do Bloco reconhece que um elogio é devido a Dias Loureiro, o de ser metódico: "Método vemos, porque sabemos que em 2009 quando o Estado tentou penhorar Dias Loureiro por causa do buraco do BPN Dias Loureiro não tinha nenhum bem em seu nome, estavam todos em nome de familiares", disse.

"Um homem que não tinha nada mas que, veja lá, é tão metódico que até conseguiu anos mais tarde comprar parte da editora que acabou de editar o seu livro em que aproveita para se queixar dos SMS de Paulo Portas e enxovalhar o CDS", continou.

Em resposta, Passos Coelho confunde o cargo de presidente do CDS-PP com o de líder do maior partido da oposição e nega alguma vez ter enxovalhado Paulo Portas: "Em primeiro lugar nunca na vida enxovalhei ninguém, muito menos o líder do principal partido da oposição, está muito equivocada".

"Está muito equivocada também quanto à forma como dentro do Governo da nossa maioria sabemos superar as nossas dificuldades", afirmou, argumentando que se trata do primeiro executivo de coligação que terminará o seu mandato, devido à "maturidade" revelada em superar "diferenças, pondo o país em primeiro lugar".

Catarina Martins começou por confrontar Passos Coelho com os 4691 milhões de euros de prejuízo total do BPN, citando o Tribunal de Contas, e argumentou que "há 4691 milhões de razões para o senhor primeiro-ministro explicar porque é que achou prudente, porque é que achou desejável, elogiar publicamente Dias Loureiro como um exemplo para a economia portuguesa".

A porta-voz bloquista defendeu que, pelo contrário, quando se olha para Dias Loureiro "o mais difícil é encontrar a exigência, facilidades é fácil".

"Veio de um Conselho de Ministros de Cavaco Silva para o BPN, o banco laranja, aquele em que o conselho de administração parecia também um Conselho de Ministros cavaquista para fazer negócios utilizando o ‘lobby' do poder político. Dias Loureiro é referido 55 vezes no relatório da comissão de inquérito e é um dos únicos dois nomes que aparece nas conclusões precisamente por causa dessas facilidades", argumentou.

Sempre irónica, Catarina Martins concedeu que Dias Loureiro "viu muitas coisas por esse mundo fora", mas foram "negócios ruinosos em Porto Rico ou em Marrocos, dinheiro escondido em paraísos fiscais, e o povo do país a pagar".

"Não esbanjou o seu dinheiro, talvez não. Sabe porquê? Esbanjou o nosso", afirmou a porta-voz do BE, considerando que os portugueses, que pagam mais impostos que nunca, foram "insultados" pelos elogios de Passos Coelho a Dias Loureiro.

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