Açoriano Oriental
Parlamento açoriano aprova votos de pesar pela morte do líder dos independentistas da região
O parlamento dos Açores aprovou esta quarta-feira dois votos de pesar pela morte do líder histórico dos independentistas da região, José de Almeida, em dezembro de 2014, a que BE e PCP se opuseram.

Autor: Lusa/AO Online

 

Os textos foram iniciativa do PSD e do PPM, que elogiaram a "convicção e determinação" de José de Almeida na luta pela causa em que acreditava, a independência dos Açores.

"Pode-se não concordar com a sua opinião e a sua organização. Mas não se pode deixar de admirar a sua convicção e a sua determinação", lê-se no texto do PSD, que considera que José de Almeida, que fundou a Frente de Libertação dos Açores (FLA) a seguir ao 25 de Abril de 1974, "viverá na memória açoriana como símbolo de coragem e exemplo de persistência".

Paulo Estêvão, do PPM, reforçou que a intenção do voto que apresentou é homenagear "O homem" e a "sua independência", e não "as suas ideias de independência" para os Açores.

"Nas sociedades democráticas, o reconhecimento do pluralismo é fundamental", disse o presidente do PPM, acrescentando que devem ser respeitados aqueles que pensam "de forma de diferente" e deve ser afirmado que há espaço para esse pluralismo na autonomia dos Açores.

O deputado do PCP, Aníbal Pires, disse que não votou contra um voto de pesar pelo falecimento "do cidadão José de Almeida", mas antes por o texto referenciar "o líder da Frente de Libertação dos Açores".

"Na casa da autonomia [o parlamento regional], a representação parlamentar do PCP não poderia votar favoravelmente" este voto, porque "aquilo que a FLA defendia é exatamente o contrário daquilo que acontece na Região Autónoma dos Açores", disse Aníbal Pires.

A deputada do BE, Zuraida Soares, disse que o seu voto contra não foi movido por "dogmatismo político" ou "hostilização à pessoa" de José de Almeida, até porque "a defesa da independência dos Açores é uma orientação política tão legítima como outra qualquer".

No entanto, a FLA "não se conteve no quadro do debate político", sublinhou Zuraida Soares, apontando que a organização fez "perseguições a pessoas que se bateram contra o fascismo", "saqueou e incendiou" sedes de partidos políticos e de organizações sociais, "agrediu física e psicologicamente pessoas com notoriedade na oposição ao fascismo" e "utilizou o bombismo como instrumento de intimidação".

"A História não pode nem deve ser branqueada", disse a deputada do BE, afirmando que o seu sentido de voto é uma "pequena homenagem" a todos os que, a seguir ao 25 de Abril, "resistiram a um outro tipo de terror nos Açores".

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