Autor: LUSA/AOnline
No seu discurso anual na Cúria, o papa Joseph Ratzinger apelou a “lutar” por uma família composta por um pai, uma mãe e crianças, na sua perspetiva comprometida por uma transformação que ameaça “o próprio homem”.
Apesar de nunca citar a palavra homossexual e não emitir qualquer julgamento sobre a homossexualidade, o discurso visou claramente a legalização do ‘casamento gay’, em particular a componente da adoção, em França, Estados Unidos e outros países, refere a agência noticiosa AFP.
A posição do Vaticano sobre o casamento homossexual permanece inalterada, mas os termos estão a ficar mais incisivos, nota ainda a AFP.
Num período em que diversos países ocidentais adotam reformas sobre o casamento homossexual, o “Ano da fé”, lançado em outubro pelo papa, teólogo de formação, terá sido a ocasião para iniciar a mobilização sobre diversas questões de moral.
Diversos movimentos católicos organizaram em 18 de novembro uma grande manifestação em França contra o casamento homossexual. Outra manifestação nacional está agendada para 13 de janeiro.
Perante a Cúria, e de forma inédita, Bento XVI citou longamente os argumentos do rabi de França, Gilles Bernheim, contra a adoção pelos casais homossexuais.
Em editorial, Giovanni Maria Vian, diretor do jornal do Vaticano, o L'Osservatore Romano, considerou a propósito que ao citar o rabi Bernheim, Bento XVI pretendeu referir-se às “raízes comuns” das duas religiões, que insistem sobre “a natureza real do ser humano, hoje manipulada em favor de uma conceção abstrata do homem, conceção que acaba por dissolver a família”.