Açoriano Oriental
PAN denuncia início da mineralização do mar dos Açores, Governo Regional desmente
O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) denunciou hoje que há uma empresa que pretende iniciar a perfuração teste para a mineralização no mar profundo dos Açores, algo que o Governo Regional desmente, alegando que o projeto não foi aprovado.

Autor: Lusa/AO Online

“O projeto BLUE ATLANTIS pretende iniciar perfuração teste para mineração no mar profundo dos Açores, ignorando recomendações feitas pelo projeto [MIDAS - concluído em 2016], que estudou o impacto ambiental no ecossistema marinho dessa mesma mineração”, adianta o PAN/Açores em comunicado.

De acordo com o partido político, o projeto “BLUE ATLANTIS” tem como objetivo a extração para fins industriais, tecnológicos e de conhecimento científico na Zona Exclusiva dos Açores (ZEE).

Será levado a cabo por um consórcio composto por 45 parceiros, onde estão incluídos centros de investigação e várias empresas privadas de oito países, estando a liderança organizativa a cargo da Alemanha.

O secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia nos Açores, Gui Menezes, afirmou hoje aos jornalistas que o projeto "BLUE ATLANTIS" “não foi aprovado e, portanto, não haverá nada relacionado com isso nos Açores”.

“Posso assegurar, porque o projeto não foi aprovado. O que não posso assegurar é que os centros de investigação não promovam novamente a submissão do projeto”, disse Gui Menezes, acrescentando que, por exemplo, “há investigadores da Universidade dos Açores envolvidos em projetos que estão a tentar aferir os possíveis impactos da mineração dos fundos oceânicos caso ela venha a ocorrer”.

O governante açoriano explicou que o “BLUE ATLANTIS” seria financiado pela União Europeia e consistia em testar todas as fases de exploração mineral do fundo dos oceanos.

Ainda assim, o PAN/Açores quer saber porque é que o Governo Regional não deu qualquer esclarecimento aos cidadãos sobre este consórcio dentro da ZEE dos Açores, bem como sobre o suposto impacto devastador para os ecossistemas, “onde estão incluídos os cetáceos e todas as espécies de peixes que circundam a nossa orla costeira”.

Tendo em conta o desconhecimento sobre este tipo de mineração, o PAN pergunta ainda se foi contemplado um presumível risco da saúde pública nos Açores.

“Conseguimos compreender o desapego dos outros países numa busca de quererem extrair sulfuretos maciços polimetálicos na nossa Zona Económica Exclusiva sem terem em consideração os efeitos negativos a nível ambiental e social na região, agora o mesmo desdém da parte dos decisores do Governo Regional e da República já nos custa a processar”, sustenta o partido Pessoas-Animais-Natureza.

Segundo adianta o PAN, a empresa canadiana “Nautilus Minerals” é um dos parceiros deste projeto e "está em vias de ser acusada judicialmente pelos habitantes da Papua Nova Guiné, por circunstâncias muito similares, mas com testes de mineração nas fontes hidrotermais já realizadas".

Em setembro de 2016, o Governo Regional dos Açores confirmou que a “Nautilus” apresentou, em 2008, um pedido de prospeção e pesquisa de minerais em seis pontos do mar dos Açores, o qual “caducou face à legislação aplicável e à regulamentação que classifica o Parque Marinho dos Açores”.

Na ocasião, a secretaria Regional do Mar, Ciência e Tecnologia explicou, em comunicado, que “tendo em conta a grande importância estratégica para a Região que representa a enorme biodiversidade e geo-diversidade dos fundos marinhos do Mar dos Açores, promoveu, em 2011, regulamentação específica classificando como Áreas Marinhas Protegidas diversas dessas zonas, tendo, já neste ano de 2016, alargado para 17 as áreas classificadas do Parque Marinho dos Açores”.

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