Açoriano Oriental
Operadores de Lisboa ameaçam deixar de vender passes por dívida do Estado
Os operadores privados de transporte público de passageiros da área metropolitana de Lisboa (AML) ameaçam deixar de vender passes sociais se o Estado não lhes pagar os cerca de 15 milhões de euros em dívida.
Operadores de Lisboa ameaçam deixar de vender passes por dívida do Estado

Autor: Lusa/AO Online

“Já seguiu uma carta de denúncia dos acordos e se nada for feito dentro de três meses estas empresas deixam de vender os passes sociais”, afirmou hoje à Lusa o presidente da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros (Antrop), reclamando o pagamento de uma dívida de cerca de 15 milhões de euros.

Em declarações à Lusa, Luís Cabaço Martins realçou os operadores “não terão outra saída senão abandonar o sistema dos passe social na região de Lisboa, prejudicando assim seriamente os utilizadores que passarão a pagar muito mais do que atualmente pagam pela utilização dos transportes públicos na AML”.

A Rodoviária de Lisboa, a Transportes Sul do Tejo, a Vimeca Transportes e a Scotturb Transportes Urbanos têm um acordo para receber anualmente um montante de 9, 5 milhões de euros pelos passes multimodais de Lisboa, que, acrescentou, “desde 2008, o Governo não paga”.

“O Governo assume responsabilidades, define que os preços devem ser sociais e depois não assume as responsabilidades”, criticou o presidente da Antrop, realçando que “às empresas públicas paga todos os anos quantias muito superiores”.

“Está a fazer isto só às empresas privadas e assim acaba por destruir completamente o mercado, porque as empresas não se aguentam. São as únicas receitas e criam problemas gravíssimos aos operadores”, acusou Cabaço Martins.

“Desde 2008 que o Governo não paga nada e portanto os operadores continuam a vender passes e a receber menos do que deviam e não recebem qualquer compensação”, acrescentou.

Segundo Cabaço Martins, a Antrop já contactou o ministério das Obras Públicas, que disse “não ter capacidade para resolver o problema que está no ministério das Finanças”.

“Se não pode pagar, a solução é não criar os passes e não definir preços sociais, porque qualquer Estado de bem quando assume um compromisso cumpre-o”.

Em atraso, revelou, está também o pagamento das compensações dos passes 4-18 e sub 23, criados há um e dois anos respetivamente pelo Governo, que são destinados aos estudantes, e cujo valor em dívida “ascende a 7,5 milhões de euros”.

“Definiram estes passes com um desconto de 50 por cento e que nos pagariam a diferença a 60 dias, mas o 4-18 não é pago desde novembro e sub 23 desde setembro”, denunciou, acrescentando que “a solução pode também ser deixar de vender”, o que será discutido na próxima reunião de associados em setembro.

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