Açoriano Oriental
Obra analisa em mais de 400 páginas descobrimento científico dos Açores
A passagem de Charles Darwin pelos Açores ou a erupção do vulcão dos Capelinhos despertaram o interesse científico de naturalistas e exploradores internacionais, que visitaram as ilhas em missões de estudo, revela o livro do investigador açoriano Luís Arruda.

Autor: Lusa/AO online

 

"Os Açores são conhecidos sectorialmente, porque são publicados trabalhos da área da geologia, da vulcanologia ou da meteorologia ou até da sua inserção no Atlântico. Mas esta obra, o que pretende, é apresentar o conhecimento, como é que se conhece os Açores, nas suas várias vertentes, desde o princípio, desde que foram povoados", disse à Lusa o autor da obra "Descobrimento Científico dos Açores: Do povoamento ao início da Erupção dos Capelinhos", promovida pelo Instituto Açoriano de Cultura.

Segundo Luís Arruda, investigador natural da Horta, o objetivo da obra é "divulgar a sequência cronológica do conhecimento científico dos Açores", frisando que o livro analisa o descobrimento do arquipélago do ponto de vista científico, "durante os vários séculos que se seguiram ao seu povoamento e até ao início da erupção dos Capelinhos", no Faial, em 1957.

De acordo com o investigador, existem "relatos de sismos e vulcões, principalmente, no que interessa à história natural, nos Açores, até ao fim do século XVIII, por exemplo, feitos normalmente por padres e por religiosos", que eram as pessoas que sabiam escrever e "relatavam esses acontecimentos à luz dos seus conhecimentos", explicando "aquilo como castigos de Deus".

"Mas o desenvolvimento científico numa outra perspetiva, do norte da Europa, não conciliava, não observava, não via estes fenómenos vulcânicos e sísmicos. Depois, com o final do século XVIII e os acontecimentos do final do século XVIII, como, por exemplo, a Revolução Francesa, a ciência começou a encarar os acontecimentos de outra maneira" e "a divulgação passou a ser outra", explicou o investigador.

Os estudos tornaram-se "mais especializados e desenvolvidos" e acontecimentos mundiais importantes, como a publicação da obra emblemática do naturalista Charles Darwin "A Origem das Espécies", em 1859, fizeram com que os Açores fossem "encarados de outra maneira".

Os Açores "começaram a ser mais procurados por outros naturalistas" e "até por navegantes", pessoas que passavam pelas ilhas a bordo de expedições, "algumas científicas, outras não, pessoas em viagens de recreio que se interessavam por questões de ciências da terra e da vida", afirmou o investigador.

"Se até à publicação da 'Origem das Espécies' o interesse era de levantamento sistemático, um interesse pela geografia, pelas condições meteorológicas, a partir daí, o interesse passou a ser outro", acrescentou, frisando que estes visitantes deixaram o seu testemunho em muitas publicações, referenciando os Açores como um ponto geográfico determinante.

Luís Arruda explicou que, por exemplo, a erupção dos Capelinhos foi também determinante, porque permitiu a visita de muitas pessoas, "desde nacionais e estrangeiros, que acompanharam a erupção".

O livro "Descobrimento Científico dos Açores: Do Povoamento ao início da erupção dos Capelinhos" reúne mais de 400 páginas e é apresentado hoje no Faial, na sexta-feira na Terceira e no sábado em Ponta Delgada (São Miguel).

"É uma obra que se impõe, porque recolhe um acervo enorme de documentação científica e pode ser um ponto de partida para novos projetos de investigação científica", sustentou o autor.

PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados