Açoriano Oriental
O típico pão doce dos Açores é "presença obrigatória" na festa do Espírito Santo
A massa sovada, um típico pão doce feito nos Açores com ligeiras diferenças entre as ilhas, é "presença obrigatória" nas festas do Espírito Santo, que por esta altura do ano ocorrem em vários locais, unindo todos os açorianos.
O típico pão doce dos Açores é "presença obrigatória" na festa do Espírito Santo

Autor: Lusa / AO online

 

“Varia de pessoa para pessoa, nem todos fazem igual, nem usam a mesma receita”, afirmou à Lusa Lina Moniz, natural da ilha do Pico e que há 20 anos faz para a família e para quem lhe pede massa sovada, cumprindo “à risca” a receita que aprendeu com a mãe.

No essencial, este típico pão doce açoriano é feito utilizando farinha, ovos, manteiga, açúcar e leite, sendo tradicionalmente cozido em forno de lenha depois de a massa levedar. Antes de levedar, a massa é bem amassada, ou seja, sovada, e daí o nome deste pão.

“A gente faz mais do que uma vez no ano. Na altura do Espírito Santo também cozemos rosquilhas [bolo de massa redondo com buraco ao meio que é muito caraterístico nas ilhas do grupo central do arquipélago]”, referiu Lina Moniz, que habitualmente confeciona a massa com vizinhas e amigas no Salão do Cantinho das Serra, onde existem dois fornos e uma “amassadeira” elétrica, permitindo preparar quantidades maiores.

Segundo disse Lina Moniz, a massa sovada e as rosquilhas têm diferença, porque a primeira “é mais doce e a segunda não é tanto”, também “os tempos de cozedura são diferentes”, podendo variar “entre trinta minutos e uma hora”.

Comida como sobremesa ou acompanhamento da sopa do Espírito Santo, consoante a ilha açoriana, a massa sovada pode durar “em bom estado” uma semana depois de cozida.

Lina Moniz já perdeu a conta aos “bolos de massa alta” que já fez este ano, porque além da época do Espírito Santo, também cozeu na Páscoa e noutras alturas.

“Dá um pouquinho de trabalho, mas vale a pena”, referiu a picarota, que já foi mordoma do Espírito Santo várias vezes e não se importava de voltar a ser, por ter “muita fé na terceira pessoa da Santíssima Trindade”.

Também na ilha de São Miguel uma pastelaria aberta há menos de dois anos está a receber pela primeira vez encomendas para fazer massa sovada e bolos enfeitados com os símbolos do Espírito Santo (coroa, bandeira, pomba branca).

“Temos recebido várias encomendas. Os preços variam com o tamanho que as pessoas pedem, mas o bolo de massa para os Impérios varia entre os dois euros e vinte cêntimos e os três euros”, afirmou à Lusa Bruno Figueira, proprietário da pastelaria que conta com estabelecimentos em Rabo de Peixe, Ponta Delgada e Capelas.

Bruno Figueira adiantou, ainda, que os bolos mais pedidos são de 800 gramas e de um quilo.

A devoção ao Santíssimo faz parte da história do arquipélago e é de tal forma importante que a Segunda-feira da Espírito Santo foi escolhida para celebrar o Dia da Região, que este ano se assinala a 25 de maio.

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