Açoriano Oriental
Euro2008
O frustrante trajecto luso
Quatro jogos e duas derrotas, fatídica a última delas, frente à Alemanha, hoje derrotada pela Espanha (1-0) na final do campeonato da Europa de futebol, marcaram o percurso frustrante da selecção portuguesa no torneio da Áustria e Suíça
O frustrante trajecto luso

Autor: Sérgio d'Almeida Soares, Agência Lusa
Na fase final que marcou a despedida do brasileiro Luiz Felipe Scolari como seleccionador português, após cinco anos e meio excitantes, mas sem qualquer título, as “quinas” chegaram a prometer nos jogos com Turquia (2-0) e República Checa (3-1), embora tenham comprometido em definitivo no primeiro “mata-mata”.
No primeiro jogo dos quartos-de-final do Campeonato da Europa, Portugal chegou a Basileia com a ambição de repetir o feito de 1984, 2000 e 2004, mas a Alemanha foi mais eficaz, beneficiando ainda de uma deficiente exibição do guarda-redes Ricardo e de um erro do árbitro Peter Frojdfelt, que não viu o empurrão de Ballack a Paulo Ferreira, no terceiro e decisivo golo (3-2, resultado final).
O sonho do inédito título, que tinha começado a 12 de Maio com o anúncio da convocatória em Viseu e que levantou, de imediato, polémica pela ausência de Maniche, transformou-se abruptamente em pesadelo em Basileia, cidade maldita para os lusos. A partir de 19 de Junho. Como já tinha sido a 15, na derrota com os anfitriões suíços.
Naquela noite, a equipa das “quinas” viveu com a pressão do favoritismo, entregue cirurgicamente pelos germânicos e nem conseguiu aproveitar uma possível superioridade física: os titulares portugueses descansaram sete dias... os alemães apenas dois.
Ultrapassar a Alemanha nunca foi obrigação - estava-se perante um tricampeão europeu e mundial -, mas Portugal podia ter demonstrado mais capacidade... e até mais, muito mais, Cristiano Ronaldo.
Apesar de tudo, Scolari e seus pares podem também queixar-se da sorte, madrasta neste momento decisivo, como amiga em outras ocasiões: com 0-0, João Moutinho falhou um golo certo e, já na segunda parte, Pepe esteve quase a empatar 2-2. Pouco depois, Ballack fechou o jogo.
A equipa das “quinas”, alinhada no Grupo A, tinha sido a primeira a garantir a qualificação - foi a primeira também a abandonar os “quartos” -, e, para a história, não ficam os golos de Pepe, Raul Meireles (no primeiro jogo), Deco, Ronaldo e Quaresma (no segundo), mas sim o fracasso frente à Alemanha e a Suíça.
No terceiro jogo da fase de grupos, já apurado e com o primeiro lugar garantido - o desejo era evitar a Alemanha, que acabou por ficar em segundo e transformar-se em adversário nos “quartos” -, Portugal apresentou a segunda linha em Basileia para o jogo com a Suíça. Perdeu por 2-0.
Curiosamente ou não, a selecção portuguesa perdeu os dois últimos jogos da competição depois de Luiz Felipe Scolari ter sido anunciado como treinador do Chelsea, logo após o triunfo sobre os checos e antes de os turcos garantirem o apuramento luso.
Portugal ultrapassou a primeira fase do torneio - era o mínimo, depois do quarto lugar no Mundial da Alemanha em 2006 e a presença na final do Europeu de 2004 -, mas não surpreendeu e, pior, desiludiu. Os portugueses, os adeptos, a própria Federação Portuguesa de Futebol. Os jogadores e a equipa técnica disso deram conta. Da sua desilusão e da dos outros.
Deco e Pepe, brasileiros naturalizados portugueses para servirem a equipa das “quinas”, foram os melhores, Cristiano Ronaldo, a espaços, deu um ar da sua graça, João Moutinho, Simão, Petit, Nuno Gomes, Ricardo Carvalho e Bosingwa não comprometeram. Isto da equipa “titular” e utilizada nos dois primeiros jogos e no último.
Ricardo e Paulo Ferreira foram grãos na engrenagem preparada por Scolari. Sobretudo o primeiro, mal nos dois últimos golos dos alemães, como tinha estado mal Ferreira no primeiro golo, apontado por Schweinsteiger, que já tinha sido carrasco na atribuição do “bronze” no Mundial da Alemanha.
Do banco, surgiram Raul Meireles, Nani e Hélder Postiga como boas opções, enquanto Ricardo Quaresma revelou instabilidade emocional e pouca produção nas oportunidades concedidas, apesar do golo apontado frente aos checos.
Miguel foi um fracasso - fisicamente “impróprio para consumo” -, Jorge Ribeiro uma opção discutível, Meira não comprometeu quando chamado e Miguel Veloso, Hugo Almeida e Bruno Alves mostraram a possibilidade de continuaram ao serviço da selecção.
Os guarda-redes Rui Patrício e Nuno (chamado para substituir o lesionado Quim) foram os únicos não utilizados.
Ricardo foi a aposta. Portugal ficou nos quartos-de-final e em Setembro começa a qualificação para o Mundial da África do Sul.
Fechou a era Scolari. Abre-se espaços a outro seleccionador. Ambicioso, ganhador, mesmo que isso não tenha acontecido no passado e que fale português.
Os três critérios anunciados por Gilberto Madaíl, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, e que também parece estar de saída. Sem nenhum título na selecção “AA”.
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