Açoriano Oriental
O fim da linha para a melhor atleta portuguesa do século XXI
A saltadora Naide Gomes, a mais notável atleta portuguesa da última década, anunciou, aos 35 anos, o fim de uma carreira rica em títulos e que a levou a três Jogos Olímpicos, em representação de dois países.
O fim da linha para a melhor atleta portuguesa do século XXI

Autor: Lusa/AO Online

 

Com 10 medalhas conquistadas em europeus e mundiais – principalmente, em pista coberta, mas também ao ar livre -, Naide Gomes não resistiu aos efeitos de uma lesão no tendão de Aquiles, que a manteve afastada das pistas desde 2013.

Foram, precisamente, as lesões que mudaram desde muito cedo o rumo traçado pela atleta, que começou pelo heptatlo e o pentatlo, mais exigentes fisicamente, mas acabou por se especializar, com sucesso, numa disciplina de ambos: o salto em comprimento.

Enezaide do Rosário da Vera Cruz Gomes nasceu a 20 de novembro de 1979, em São Tomé e Príncipe, país que representou nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, numa fase muito inicial da carreira, na prova dos 100 metros barreiras, depois de ter falhado a qualificação no heptatlo.

A curta vida como atleta são-tomense foi, no entanto, suficiente para estabelecer sete recordes nacionais (100 metros barreiras, salto em comprimento, salto em altura, triplo salto, lançamento do peso, lançamento do dardo e heptatlo).

Em 2001, obteve a nacionalidade portuguesa, país em que vivia desde os 11 anos, optando por representar Portugal, o que acontece pela primeira vez numa grande prova internacional em 2002, nos Europeus de pista coberta, em Viena, de onde saiu com a medalha de prata no pentatlo.

O título mundial ‘indoor’ de pentatlo em 2004, em Budapeste, obtido com a melhor marca mundial do ano, abriu boas perspetivas para os Jogos Olímpicos de Atenas, mas a atleta portuguesa não foi além do sexto lugar, ainda assim a sua melhor participação olímpica.

A aposta no salto em comprimento, em 2005, começa logo por produzir resultados, com o título europeu de pista coberta, em Madrid, a que se seguiu a primeira das duas medalhas de prata nos Campeonatos da Europa ao ar livre, em Gotemburgo, em 2006, ano em que também alcança o ‘bronze’ nos Mundiais ‘indoor’, em Moscovo.

A revalidação do título nos Europeus, em 2007, em Birmingham, e a medalha de ouro nos Campeonatos do Mundo, em 2008, em Valência, ambos em pista coberta, colocaram-na no topo da lista de favoritas para os Jogos Olímpicos de Pequim, na sua terceira e última participação.

A marca de 7,12 metros, obtida a 28 de julho no Mónaco - recorde português, ibérico e melhor marca mundial de 2008 –, reforçaram esse estatuto, mas a capital chinesa fica associada a um dos momentos mais amargos da vida desportiva de Naide Gomes.

Quase dois meses mais tarde, a 19 de agosto, no auge das suas capacidades, a atleta portuguesa desce do céu ao inferno em apenas três saltos: os dois primeiros são nulos e no terceiro, pressionada por ser a última oportunidade de atingir a final, salta 6,29 metros e falha o apuramento.

Depois de um ano em ‘branco’, 2010 marca o regresso às medalhas, concretamente duas de prata, nos Mundiais de pista coberta, em Doha, e nos Europeus ao ar livre, em Barcelona, antes de voltar a conquistar a ‘prata’, nos Campeonatos da Europa, em 2011, em Paris.

A nível nacional, Naide Gomes esteve sempre meio metro à frente da melhor concorrência, como o comprovam os 17 títulos de campeã portuguesa de salto em comprimento, aos quais junta mais três de salto em altura, dois de 100 metros barreiras e um de heptatlo.

 

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