Açoriano Oriental
Nova administração do hospital da Terceira deve devolver confiança aos utente
O secretário regional da Saúde dos Açores, Luís Cabral, considera que o novo conselho de administração do hospital da ilha Terceira, que tomou posse esta segunda-feira, deve devolver "confiança" aos utentes.
Nova administração do hospital da Terceira deve devolver confiança aos utente

Autor: Lusa/AO online

 

"Aquilo que é pedido a esta administração em primeira instância é que devolva, no fundo, a confiança, que poderá ter sido atacada com alguns destes processos que, infelizmente, ocorreram dentro do hospital, à população da ilha Terceira, garantindo os cuidados de qualidade e que faça uma gestão rigorosa e criteriosa daquilo que são as necessidades e o bom funcionamento do hospital", frisou Luís Cabral.

O secretário regional da Saúde falava aos jornalistas no final da tomada de posse do novo conselho de administração do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira, defendendo a necessidade de maior "transparência" na unidade.

"As pessoas, se virem um hospital como um hospital transparente, em que não só as decisões de gestão, mas também os tratamentos são feitos dentro desse princípio, irão ter com certeza mais confiança na sua unidade de saúde", frisou.

O anterior conselho de administração demitiu-se em bloco, em dezembro de 2014, alegadamente na sequência de um processo de averiguação de denúncias feitas pelos enfermeiros do hospital sobre o funcionamento da unidade de cuidados intensivos.

Em fevereiro do ano passado, os enfermeiros dos cuidados intensivos entregaram um abaixo-assinado à administração, denunciando "falta de rigor técnico-científico" e de "princípios éticos e deontológicos" e "redução do investimento terapêutico", entre outras irregularidades, mas só em outubro foi aberto um inquérito interno, depois de o caso ter sido denunciado na comunicação social local. As denúncias estão também a ser investigadas pelo Ministério Público.

Por sua vez, a nova presidente do conselho de administração do hospital, Paula Moniz, disse que ia iniciar as suas funções tomando conhecimento desse dossiê, mas garantiu que o órgão que lidera vai olhar "com muito cuidado a todas as áreas clínicas".

"Vamos de certeza cativar cada vez mais os nossos colegas médicos, enfermeiros e pessoal de apoio técnico para que a unidade de cuidados intensivos seja aquilo que ela é na realidade: uma situação de transição quando há problemas de saúde, uma situação de transição com máximo da segurança, cuidado e qualidade", frisou.

Paula Moniz salientou que a administração vai manter um trabalho de "aproximação" com o quadro clínico para transmitir à população uma garantia de qualidade e segurança.

"A população da ilha Terceira tem de acreditar no seu hospital, tem de acreditar nos seus médicos, tem de acreditar que estamos a fazer o melhor que podemos", sublinhou.

No discurso de tomada de posse, prometeu um "equilíbrio ponderado entre a redução de custos e a garantia de acessibilidade e qualidade na prestação dos serviços clínicos", alegando que "a saúde é bastante mais do que um negócio".

"Se soubermos combater a coletivização do conformismo, o cultivo das aparências, o comodismo atávico e tudo substituirmos por uma cultura do rigor, da transparência e da seriedade profissional, da sobriedade, da inovação e do contentamento, podem ter a certeza de que o equilíbrio entre os recursos e a qualidade dos serviços prestados surgirá quase que espontaneamente", frisou.

O novo conselho de administração é liderado por Paula Moniz, licenciada em finanças e com experiência no setor da banca em Portugal, na Bélgica e na Dinamarca.

Lúcia Crisóstomo é a nova diretora clínica, José Pedro Pires é o novo enfermeiro-diretor e Ana Laranjeira completa o conselho de administração como vogal.

A nomeação do enfermeiro diretor gerou a contestação de um grupo de enfermeiros, que alega incumprimento da legislação, por José Pedro Pires não possuir o título de especialista. O Sindicato dos Enfermeiros do Norte ameaçou contestar a nomeação no Tribunal Administrativo, mas o secretário regional garantiu que não houve violação da legislação.

"Há um sindicato do continente que patrocinou esta ação movida por alguns enfermeiros. Se houver alguma decisão do tribunal, naturalmente, iremos respeitá-la, mas estamos seguros de que a nomeação é feita dentro daquilo que é o enquadramento legal, que é o estatuto do gestor público dos Açores, que está devidamente cumprido", frisou.

 

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