Autor: Lusa/AO online
A cidade portuária japonesa assinalou a efeméride numa cerimónia celebrada no seu Parque da Paz, que teve o seu momento central num minuto de silêncio cumprido às 11:02 (03:02 em Lisboa), hora em que foi lançada a bomba atómica com núcleo de plutónio (batizada de "Fat man") sobre Nagasaki.
Após a cerimónia em memória das vítimas, o autarca de Nagasaki, Tomihisa Taue, proferiu um discurso marcada pelo facto de o primeiro tratado de proibição de armas nucleares, adotado por 122 membros das Nações Unidas, não incluir nenhuma potência nuclear [Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, Israel, China, Índia, Paquistão e Coreia do Norte] nem muitos dos seus aliados, entre os quais o Japão.
Tomihisa Taue, que falava diante da presença do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e representantes de 58 países, criticou a recusa de Tóquio em aderir ao primeiro acordo que proíbe este tipo de bombas, instando o Japão a juntar-se sem demora.
"Nagasaki deve ser o último lugar a sofrer um ataque de uma bomba atómica", afirmou, exortando a comunidade internacional a começar a adotar políticas específicas para conquistar um mundo livre de armas nucleares.
Trata-se de um apelo idêntico ao efetuado pelo presidente da câmara de Hiroshima, Kazumi Matsui, na semana passada.
O autarca de Nagasaki também convidou todos a visitar Nagasaki para que vejam por si próprios o que aconteceu e ganhem uma maior consciência sobre os efeitos deste tipo de arma.
"Cada canto da cidade era um cenário infernal", declarou Taue, elogiando o trabalho dos sobreviventes, os "hibakusha", que "mostram as suas cicatrizes" e "dão o seu melhor para espalhar a mensagem" antinuclear.
Por seu lado, o primeiro-ministro nipónico, Shinzo Abe, destacou a responsabilidade do Japão, como único país do mundo a ter sofrido um ataque nuclear, na procura de um mundo sem armas nucleares.
Os Estados Unidos lançaram a primeira bomba nuclear da história sobre a cidade de Hiroshima em 06 de agosto de 1945 e, apenas três dias depois, uma segunda e a última até à data em Nagasaki, o que viria a resultar na capitulação do Japão e no fim da II Guerra Mundial.
Segundo dados de março, o número total de "hibakusha" ascendia a 164.621, pouco mais da metade dos 372.264 contabilizados em 1980.
A idade média dos sobreviventes dos bombardeamentos nucleares de Hiroshima e Nagasaki é superior a 81 anos.