Autor: Lusa/AO Online
“Queremos levar ao público tudo o que é fortificação e micro fortificação, para já, em São Miguel, com base em maquetes que vão demonstrar aquilo que era e o que existe neste momento”, afirmou à agência Lusa o diretor do Museu Militar dos Açores, Tenente-coronel Manuel Marcha.
Sem avançar a data de inauguração, o responsável adiantou que a exposição contará, também, com desenhos originais, plantas e fotografias deste património existente ao longo da costa da maior ilha do arquipélago.
“Alguns [fortes] já estarão num estado irrecuperável, outros nem por isso. O que é preciso é levarmos lá as pessoas, para que se preocupem com o que lá está e lhes possam dar a tal dignidade que é preciso”, considerou Manuel Marcha, estimando que existam cerca de 30 fortificações na ilha de São Miguel.
Segundo o diretor do Museu Militar dos Açores, uma infraestrutura cultural sedeada no forte de São Brás, em Ponta Delgada, a grande maioria das fortificações e micro fortificações são privadas, cabendo aos proprietários zelar pela preservação do património.
Manuel Marcha lamentou o caso concreto do forte de São Francisco, na freguesia de São Roque, concelho de Ponta Delgada, que já foi comprado e depois vendido novamente a particulares e, inclusivamente, “já foram retiradas as argamassas de proteção” da muralha.
“As pessoas mexem nestes equipamentos de forma menos consciente, sabida, técnica e fazem asneiras irrecuperáveis”, salientou o Tenente-coronel.
Em agosto de 2013 o historiador da Universidade dos Açores Carlos Riley alertou para a existência na baía do Rosto de Cão, na freguesia de São Roque, de três fortificações em ruínas, um património arquitetónico militar em estado de "degradação" que “deveria ser recuperado e valorizado”.
“Esta parte rasa da costa sul de São Miguel constituída pela zona das praias, nos arredores de Ponta Delgada, era do ponto de vista militar o mais vulnerável a ataques, nomeadamente no que concerne ao desembarque das forças invasoras, o que explica a grande densidade de fortificações costeiras, das quais, hoje em dia, são apenas percetíveis três elementos, todos eles em ruínas”, disse, na ocasião, Carlos Riley.
Para o diretor do Museu Militar dos Açores, tomar consciência do que existe é “o primeiro passo para fazer algo” e este é “o grande objetivo da exposição”, que poderá ter depois réplicas, uma vez que também existem fortificações noutras ilhas dos Açores.
Manuel Marcha destacou, ainda, o facto de os Açores terem uma das maiores densidades de fortificações de país, uma vez que, face à sua localização geográfica, eram ponto de paragem para as naus vindas do Índia, por exemplo, que importava defender de piratas e corsários.