Açoriano Oriental
Mota Amaral defende devolução aos açorianos da autonomia “capturada” pelos partidos

O antigo presidente da Assembleia da República e dos primeiros governos dos Açores Mota Amaral defende a necessidade de promover uma reforma do regime autonómico que o devolva aos açorianos, uma vez que está “capturado pelos partidos políticos”.

Mota Amaral defende devolução aos açorianos da autonomia “capturada” pelos partidos

Autor: Lusa/AO Online

“Parece-me que é nessas matérias que nos deveríamos concentrar na fase atual, visando a devolução da autonomia aos açorianos, porque ela parece estar capturada pelos partidos políticos”, defendeu, em declarações à agência Lusa, João Mota Amaral, a propósito do Dia dos Açores, que se assinala na segunda-feira. O Dia da Região Autónoma dos Açores foi instituído pelo parlamento açoriano em 1980 (decreto regional n.º 13/80/A, de 21 de agosto) para comemorar a açorianidade e a autonomia, sendo a maior celebração cívica do arquipélago. Para Mota Amaral, torna-se importante fazer a autonomia “voltar ao princípio, quando o povo se sentia realmente representado na Assembleia Regional, que tratava dos assuntos que a comunidade sentia”, havendo então “identificação e proximidade com o poder”. Isso explica, no seu entender, “a dinâmica da autonomia e o entusiasmo que despertou, traduzido na presença massiva dos cidadãos nas eleições”. O ex-presidente do Governo dos Açores – cargo que desempenhou durante durante 19 anos, pelo PSD - considerou que o “aumento assustador da abstenção” é um “sinal de alerta” que “põe em perigo a própria legitimidade das instituições autonómicas”. Na reforma protagonizada pelo antigo presidente da Assembleia da República, “seria conveniente reduzir o número de deputados e permitir a apresentação de listas de grupos de cidadãos para a Assembleia Legislativa Regional dos Açores”. Mota Amaral avançou ainda com a necessidade de dividir os maiores círculos eleitorais em outros mais pequenos para “aproximar os eleitores dos eleitos" e "impedir a apropriação da lista de deputados pelos partidos políticos”. “Deve-se trabalhar ativamente para que isso seja corrigido. Estamos a meio de uma legislatura regional, uma boa altura para sair com soluções para este problema”, declarou. Para o também antigo presidente do PSD/Açores, a autonomia constitucional “abriu uma nova era nos Açores, correspondendo a um grande desafio feito aos açorianos para se governarem”, e evoluiu naturalmente, com a ampliação dos poderes regionais”, num projeto “bem-sucedido”. Questionado sobre se a autonomia necessita de ser aprofundada no quadro constitucional, Mota Amaral referiu que desde 2004 “não têm sido apresentadas grandes sugestões pelos responsáveis diretos da governação açoriana”.


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