Açoriano Oriental
Mortes por overdose de heroína e consumo de ecstasy aumentam na Europa
As mortes por overdose de heroína estão a aumentar e o consumo de ecstasy está novamente a crescer, revela o relatório europeu de drogas, confirmando ainda a tendência de aumento de consumo e potência da cannabis já verificada anteriormente.

Autor: Lusa/AO Online

 

O “Relatório Europeu sobre Drogas 2016: Tendências e Evoluções”, hoje apresentado, destaca novos riscos para a saúde devido à mudança dos produtos e dos padrões de consumo.

Uma das novidades que mais está a preocupar as autoridades é o aumento das mortes por overdose associadas sobretudo à heroína e outros opiáceos, estimando-se que tenham ocorrido em 2014 pelo menos 6.800 mortes.

O relatório do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA) destaca o facto de alguns países, como Irlanda, Lituânia, Suécia e Reino Unido, terem comunicado “um preocupante aumento destas mortes”.

“As razões subjacentes a estes aumentos de overdoses fatais não são claras”, afirma o documento, apontado como hipóteses mais prováveis uma maior disponibilidade de heroína, o aumento do seu nível de pureza, a existência de consumidores envelhecidos e a mudança dos padrões de consumo, incluindo o uso de opiáceos sintéticos e medicamentos.

As overdoses são reportadas mais frequentemente entre os consumidores mais velhos (entre os 35 e os 50 anos), embora em alguns países se esteja a verificar também um aumento de mortes por overdose entre jovens com menos de 25 anos.

Apesar de a heroína continuar a ser o opiáceo mais usado, o consumo de opiáceos sintéticos está a aumentar, sendo em muitos países apontado como a principal droga referida pelos consumidores que iniciaram tratamento.

O relatório é reforçado com novos dados obtidos a partir de urgências hospitalares de várias cidades europeias, que indicam que apesar de a heroína continuar a ser a droga ilícita mais frequentemente comunicada, a cocaína, outros estimulantes e a cannabis começam a surgir com proeminência em determinadas zonas.

O observatório destaca também o aumento do consumo de estimulantes como a MDMA (vendida como “ecstasy”) e da cannabis.

A MDMA reapareceu e “está a tornar-se mais popular, tanto junto dos consumidores de estimulantes habituais como de uma nova geração de jovens consumidores”, indica o documento.

Cerca de 2,1 milhões de jovens entre os 15 e os 34 anos afirmaram ter consumido MDMA no último ano (1,7% deste grupo etário).

Embora, até há pouco tempo, o consumo de MDMA tenha registado um declínio, os dados dos últimos inquéritos apontam para um aumento do seu consumo na Europa, estando agora a ser consumida por um leque mais vasto de jovens em ambientes de diversão noturna.

O relatório cita ainda dados de um estudo complementar realizado em várias cidades, que revelam que a quantidade de resíduos de MDMA nas águas residuais municipais é maior em 2015 do que em 2011, o que poderá estar relacionado com uma maior pureza da MDMA ou com um aumento da oferta e do consumo desta droga.

O seu reaparecimento está associado à “inovação no fornecimento de precursores de MDMA, às novas técnicas de produção e à oferta online”, explica o observatório.

Pós, cristais e comprimidos com doses elevadas deste estimulante estão atualmente mais disponíveis, sendo por vezes “promovidos através de sofisticadas e direcionadas técnicas de marketing”.

“Pensa-se que esta poderá ser uma estratégia deliberadamente adotada pelos produtores para reforçar a reputação da MDMA, após um período em que a fraca qualidade e a adulteração dos produtos resultaram no declínio do seu consumo”, indica o relatório.

Quanto à cannabis, mantém-se a tendência de aumento da sua potência, do seu consumo e, consequentemente, da procura de tratamento.

“Os níveis de potência de resina de cannabis e de cannabis herbácea são os mais elevados de sempre”, revela o relatório, indicando que o número de utentes que iniciaram o tratamento pela primeira vez devido a esta droga aumentou de 45 mil, em 2006, para 69 mil, em 2014.

Estima-se que 16,6 milhões de jovens europeus com idades compreendidas entre os 15 e os 34 anos terão consumido cannabis nos últimos 12 meses.

No geral, as estimativas apontam para que, em 2014, 1,2 milhões de pessoas tenham recebido tratamento por consumo de drogas ilícitas na União Europeia e cerca de 644 mil consumidores de opiáceos tenham recebido tratamento de substituição.

 

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