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Finanças
Mário Soares elogia "sentido de Estado" de Pedro Passos Coelho
O ex-Presidente da República Mário Soares elogiou hoje o "sentido de Estado" do presidente do PSD e citou Camões para justificar a decisão do primeiro ministro de aumentar os impostos, depois de ter prometido o contrário.
Mário Soares elogia "sentido de Estado" de Pedro Passos Coelho

Autor: Lusa/AO online

Mário Soares falava aos jornalistas na Feira do Livro, no Parque Eduardo VII, antes de iniciar uma sessão de autógrafos no stand da "Temas e Debates". Interrogado sobre a decisão do presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, de viabilizar as medidas de austeridade tomadas pelo Governo na quinta feira, Mário Soares disse não ter ficado surpreendido com a atitude do antigo líder da JSD. "Conheço Pedro Passos Coelho e considero-o um homem muito sensato, lúcido e com um grande sentido de Estado. E o que os políticos precisam de ter nesta altura é um grande sentido de Estado, defendendo sempre o interesse nacional, porque nesta altura é Portugal e a Europa que estão em causa", declarou o ex-Presidente da República. Para o ex-Presidente da República, as medidas que foram tomadas pelo Governo "são absolutamente necessárias, porque sem elas Portugal poderia ficar numa situação difícil e, até pior, sem meios para poder pagar aos seus funcionários". Nas respostas aos jornalistas, o ex-chefe de Estado reconheceu que as medidas anunciadas de austeridade serão penalizadoras para o cidadão comum, mas alegou que "não havia outro remédio". "Não sou só eu que acho estas medidas de austeridade eram imprescindíveis. Também acha isso toda a Europa e todo o Portugal culto, que está informado das coisas". Para o ex-Presidente da República, a "Europa está em crise e está a tentar ultrapassá-la". "Se a Europa não tivesse socorrido a Grécia e outros que possam vir a estar em posição complicada, se a Europa tivesse continuado sem medidas, a Europa desagregava-se e Portugal ficaria numa situação muitíssimo difícil, muito pior daquela em que estamos", advertiu o fundador do PS. Na perspectiva de Mário Soares, "houve felizmente uma reação da Europa, embora uma reação tardia em relação à Grécia". "Estou certo que Portugal não irá necessitar daquilo que foi preciso contribuir em relação à Grécia", acrescentou. Questionado se o primeiro ministro registou uma inversão no seu discurso, depois de ter prometido que não aumentaria impostos, Mário Soares respondeu citando o sentido de um soneto de Luís de Camões. "Mudam os tempos mudam as verdades [sic]. Tudo aconteceu em oito dias e a comunicação social tem de perceber isso. A comunicação social tem de ajudar para que o povo português perceba o que se está a passar", disse. Mário Soares referiu-se depois ao papel das centrais sindicais em Espanha, "onde os cortes foram mais elevados do que em Portugal". "Em Espanha, eles tiveram de aceitar isso e, por isso, fizeram um acordo. Era útil que as centrais sindicais portuguesas também fizessem o mesmo", declarou.

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