Autor: Lusa/Açoriano Oriental
"Um empreendimento desta dimensão compromete o futuro. E não é uma decisão que possa ser tomada nos gabinetes da Associação de Municípios, tem que ser participada pelos cidadãos", afirmou, em declarações à agência Lusa, José Azevedo, um dos subscritores do manifesto, e biólogo.
O manifesto, que reúne assinaturas de personalidades de vários quadrantes, entre eles médicos, professores, docentes universitários, biólogos, ambientalistas e os dois deputados do BE/Açores, "exige a suspensão imediata do processo de construção da incineradora", na maior ilha dos Açores, protestando contra "a falta de transparência e de envolvimento dos cidadãos" e "o fato de nunca se terem estudado de forma séria alternativas à incineração".
"Nós achamos que a incineração é a pior forma de valorizar os resíduos sólidos urbanos. Se a ideia é extrair valor dos resíduos, podemos fazê-lo de muitas formas, muito mais eficazes e que não comprometem sobretudo o futuro", sustentou José Azevedo, que foi cabeça de lista por São Miguel pelo Livre nas últimas eleições regionais, em outubro de 2016.
Em alternativa à incineradora, os subscritores do manifesto propõem "a adoção de tarifas e sistemas de gestão de resíduos domésticos que incentivem a separação, incluindo dos resíduos orgânicos, e sejam acompanhadas por sistemas eficazes de recolha seletiva".
A construção de "um sistema de tratamento mecânico e biológico moderno, eficaz na separação dos resíduos e apoios a indústrias de reciclagem locais, que acrescentem valor e o retenham na região" são outras das medidas preconizadas.
Os subscritores do documento, que vai ser enviado ao Governo Regional, à Assembleia Legislativa Regional, a todas as câmaras municipais da ilha, à Associação de Municípios da Ilha de São Miguel (AMISM) e à empresa MUSAMI- Operações Municipais do Ambiente, que detém o ecoparque da ilha de São Miguel, defendem ainda "legislação que restrinja severamente as embalagens descartáveis, de forma a favorecer a produção local de artigos de consumo e das respetivas embalagens".
"Exigimos que, no prazo máximo de um ano, seja realizado uma análise de custo-benefício que investigue o problema dos resíduos de forma integrada, procurando formas de reduzir a utilização de recursos naturais, de reutilizar os que têm que ser usados e de maximizar a reciclagem dos que não podem ser reutilizados (...)", pode ler-se ainda no manifesto, enviado à Lusa.
Em dezembro de 2016, a Assembleia Intermunicipal da Associação de Municípios da Ilha de São Miguel (AMISM) aprovou, por unanimidade, avançar com a construção de uma incineradora de resíduos, orçada em mais de 60 milhões de euros.
Nos Açores já existe uma incineradora em funcionamento, na ilha Terceira.