Açoriano Oriental
Mais de 800 mil pedidos de asilo nos países da OCDE em 2014
Os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) estão a enfrentar uma grave crise de refugiados com mais de 800.000 pedidos de asilo em 2014, segundo um relatório divulgado hoje, em Paris, pela organização.

Autor: Lusa/AO Online

 

De acordo com o relatório anual da OCDE, este número de pedidos de asilo indicou um aumento de 46% em 2014 - um nível não visto desde 1992, sendo o segundo maior em 35 anos – e poderá ser ainda maior em 2015.

Os principais países de destino são a Alemanha, os Estados Unidos, a Turquia, a Suécia e a Itália. A França está na sexta posição, depois de estar, por longo tempo, entre os três principais países de destino.

“Embora as migrações humanitárias sejam uma questão de preocupação crescente em várias regiões do mundo, nomeadamente na Ásia, é na Europa em que está a maioria dos pedidos de asilo (mais de 600.000 em 2014)”, referiu o texto.

Segundo o documento, “isto é claramente uma situação de emergência que requer uma resposta coordenada a nível europeu e mundial”.

“Na Europa, essa crise humanitária faz parte de um contexto mais amplo de dificuldades crescentes relativa à migração irregular”, indicou o documento, acrescentando que “a ausência de controlo nas fronteiras líbias criou uma situação inédita e o número de entradas irregulares, medida pela agência europeia Frontex, está constantemente aumentando”.

Segundo a OCDE, nos primeiros seis meses de 2015, cerca de 137 mil pessoas desembarcaram nas costas da Grécia, Itália, Malta e Espanha, o que corresponde a um aumento vertiginoso de 83% em relação aos 75.000 observados no mesmo período de 2014.

“O facto de estas chegadas não comportarem somente potenciais refugiados, mas também migrantes que não têm sempre a necessidade comprovada de proteção acrescenta uma pressão suplementar”, referiu o texto.

Para a OCDE, “a crise humanitária atual acontece num período relativamente delicado para a economia e o mercado de trabalho na Europa, assim como num contexto de luta mundial contra o terrorismo”.

“As questões suscitadas pela migração atingiram o seu auge e os sentimentos anti-imigrantes propagam-se”, referiu-se ainda no relatório, acrescentando-se que estas reações negativas a nível nacional estão a retardar as medidas que os países europeus têm de implementar para controlar esta crise e a posterior integração destes migrantes.

O essencial das migrações para a Europa e para os países da OCDE é sempre feito pelas vias legais e bem geridas. A imigração legal permanente para a OCDE foi de 4,3 milhões de pessoas em 2014, um aumento de seis por cento em relação a 2013, segundo o estudo.

Na União Europeia (UE), a imigração permanente legal proveniente de países que não pertencem ao bloco é comparável ao que é observado nos Estados Unidos, cerca de um milhão por ano.

Segundo o relatório, “a integração dos imigrantes e seus filhos necessita igualmente de políticas públicas apropriadas”.

“Os trabalhos recentes da OCDE mostram que, apesar de melhorias líquidas de uma geração para outra, em vários países da OCDE, os imigrantes são mais tocados pelo desemprego, por empregos menos qualificados ou ainda são muito qualificados para o emprego que têm, conhecendo frequentemente a pobreza (…)”, indicou o texto.

De acordo com o relatório, a Alemanha consolidou a sua posição de um grande país de imigração, ficando em segundo lugar, atrás dos Estados Unidos em número de migrantes recebidos.

A população de estrangeiros nascidos nos países da OCDE situou-se em 117 milhões de pessoas em 2013, 35 milhões (40%) a mais do que em 2000. Além disso, a maioria das categorias de migração temporária também estão a aumentar, de acordo com a OCDE.

O trabalho da OCDE indicou ainda que, no total, “o número de médicos e enfermeiros imigrantes exercendo nos países da OCDE aumentou 60% em 10 anos”.

A OCDE é uma organização que reúne 34 países, na sua maioria considerados desenvolvidos, com elevado PIB e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH/ONU).

 

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