Autor: AO/Lusa
“Numa única manhã, estes 307 pontos são percorridos e tiramos quase praticamente como uma fotografia a toda a população, o que nos permite ter resultados mais rigorosos”, disse à Lusa Ruben Coelho, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), entidade que organiza entre segunda-feira e 02 de julho o III Atlas do Priolo.
A iniciativa é promovida desde 2008, de quatro em quatro anos, em colaboração com a Secretaria Regional da Agricultura e Ambiente e com o apoio da Escola Básica e Secundária do Nordeste.
“Este é um projeto pioneiro importante para acompanhar a evolução da população de priolos e para a planificação das medidas necessárias para a sua conservação”, salientou Ruben Coelho, indicando que a iniciativa já permitiu “obter estimativas populacionais mais rigorosas”.
De acordo com dados que divulgou, a população de priolos está estimada em 1.300 indivíduos e os avanços conseguidos nos últimos anos permitiram “um pequeno aumento” da população.
“Felizmente está a ser notório um pequeno aumento que é resultado dos dois projetos LIFE + Terras do Priolo que já se realizaram, estando a decorrer o terceiro”, sublinhou.
O projeto LIFE + resulta de uma parceria entre a SPEA e a secretaria regional, visando contribuir para a gestão da Zona de Proteção Especial do Pico da Vara/Ribeira do Guilherme (da Rede Natura 2000), o único local do mundo onde vive esta pequena ave em risco de extinção.
Ruben Coelho explicou que têm sido implementadas medidas de gestão e restauração da floresta laurissilva, habitat do priolo.
Quanto à área de distribuição, o responsável adiantou que "existem algumas zonas, localizadas, onde têm aparecido mais priolos do que antes", embora a ave se "concentre basicamente numa zona de proteção especial definida há alguns anos" - no Pico da Vara e Ribeira do Guilherme.
"Seria impossível para um técnico apenas percorrer aqueles pontos todos. Por isso é que foi criado em 2008 o Atlas e este censo serve também para redefinir a monitorização anual que se faz", referiu.
O Atlas do Priolo vai envolver 55 voluntários, oriundos de São Miguel, do continente português, mas também do Canadá e da República Checa, que se deslocam propositadamente à ilha para participarem na iniciativa.
A contagem decorrerá na manhã de quinta-feira, nos concelhos de Nordeste e Povoação, na Zona de Proteção Especial Pico da Vara/Ribeira do Guilherme.
"Quem participa neste Atlas está também a contribuir para a conservação da natureza e de uma espécie tão importante e emblemática nos Açores", sublinhou Ruben Coelho.
A realização do Atlas inclui formação teórica e prática sobre o priolo e avifauna da região, flora e habitats, além de metodologias do censo, entre segunda e quarta-feira.