Açoriano Oriental
Mais de 300 leigos levam na Páscoa a cruz a 900 casas de freguesia de Viana
A paróquia de Meadela foi a primeira da diocese de Viana do Castelo a substituir o pároco por leigos no compasso pascal, tradição que este ano contará com 300 voluntários para levar a cruz a 900 casas.

Autor: Lusa/Açoriano Oriental

A tradição, iniciada na Páscoa de 1983 por Manuel Vilar, pároco da Meadela há 47 anos, provocou então "alguma resistência", mas hoje o costume está enraizado e representa "um momento de união da paróquia".

"No primeiro ano em que o compasso pascal passou a ser realizado por leigos, houve alguma resistência que acabou por ter um efeito contrário. Quando se realizava a recolha das cruzes, o adro da igreja paroquial estava à pinha [e] foi uma enchente de fiéis. Foi maravilhoso", contou hoje à Lusa o pároco de 73 anos.

Segundo Manuel Vilar a "vivacidade" que os jovens da paróquia dão à tradição "fazem acreditar de que [a mesma] se irá manter".

Este ano "as inscrições ainda não terminaram, mas serão cerca de 300 os voluntários, "entre eles muitos jovens", que irão participar nas visitas pascais, sendo distribuídos por 32 grupos que, no domingo e segunda-feira de Páscoa, e por turnos, realizam o compasso pascal visitando "entre 800 a 900 casas" daquela freguesia.

Desde 2013 integrada na União de Freguesias de Santa Maria Maior, Monserrate e Meadela, a paróquia de Manuel Vilar tem cerca de 9.782 habitantes.

Cada grupo de leigos "é formado por um representante do padre, que entrega uma mensagem escrita do pároco aos proprietários, um elemento que transporta a cruz, uma criança que assinala com a campainha a chegada do compasso pascal, um leitor e vários cantores, cujo número varia em função dos de voluntários".

"É uma tradição que envolve muita organização. É preciso ensaiar os cânticos e a celebração realizada em cada casa", afirmou o pároco que acompanha "todos os grupos mas que não entra nas casas".

"É muito raro entrar. Só no caso de, na casa que estamos a visitar, algum paroquiano estar doente", explicou, adiantando que "o grupo de leigos entra na habitação, faz a celebração da palavra e os restantes elementos entoam canções pascais".

Na segunda-feira de Páscoa, ao final da tarde, o adro da igreja paroquial acolhe a tradicional recolha das cruzes.

"É uma celebração muito bonita, com cantos pascais a que se junta a fanfarra dos escuteiros e em que damos a cruz a beijar a quem passa", contou Manuel Vilar.

O pároco afirmou que aquela última cerimónia pascal tem vindo, de ano para ano, a reunir "um número crescente de fiéis, representando "um momento de união da paróquia".

"Os escuteiros preparam sempre alguma iniciativa para criar bom ambiente e é sempre um momento muito bonito", destacou.

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