Açoriano Oriental
Lixo marinho transformado em esculturas
A preservação dos oceanos motiva, desde 2005, um coletivo de artistas, que também são surfistas e do qual faz parte um português, a criar obras de arte com lixo recolhido em praias e no mar.
Lixo marinho transformado em esculturas

Autor: Lusa/Ao online

Hoje, os Skeleton Sea estão na Praia de Carcavelos, em Cascais, a criar ao vivo “uma peça que é o rosto da poluição”.

João Parrinha e Xandi Kreuzeder vão acrescentando pedaços de plástico, cordas, redes de pesca e até de um boneco a uma estrutura de metal, dando assim forma ao ‘crânio de lixo marinho’.

Com a criação desta e de outras obras, os artistas/surfistas tentam, “o mais possível, consciencializar as pessoas para este problema grave [poluição dos oceanos], que está cada vez maior”, disse à agência Lusa João Parrinha.

Por passarem muito tempo no mar, os artistas que formam o Skeleton Sea, viram “crescer a poluição nas praias e nos oceanos”.

“Começámos a recolher todo o lixo que encontrávamos, para fazermos as nossas esculturas”, contou João Parrinha, referindo que o grupo já apanhou “muitas toneladas”.

A título de exemplo, o artista lembrou que numa praia do Brasil, três equipas, apanharam, em cinco horas, uma tonelada e meia de lixo.

João Parrinha recordou, também, a vez em que numa praia portuguesa, em três horas, foi recolhido lixo que encheu “60 sacos grandes”.

Nas recolhas, o grupo encontra “sobretudo plástico, que é o que flutua e vai dar às praias”, mas “não é o plástico que as pessoas deixam na praia, mas sim o que vem do mar”, explicou João Parrinha.

Embora a maior parte do lixo recolhido seja plástico, “encontra-se absolutamente de tudo”, de carros a eletrodomésticos, e até um cofre “que, infelizmente, não tinha nada dentro”.

Apesar de considerar que as pessoas “estão alertadas” para o problema da poluição, João Parrinha considerou que “há muito que fazer ainda”.

“Conversamos com pessoas que parecem estar consciencializadas do problema, [mas] acabamos de falar, estão a fumar um cigarro e atiram a beata para o chão”, lamentou, sublinhando que as pessoas “estão consciencializadas, mas talvez não percebam o tempo que aquela beata de cigarro vai demorar a degradar-se, ou que um pássaro pode vir a comê-la”.

Este coletivo, que já expôs em vários países da Europa, diz-se apostado em continuar a tentar mudar mentalidades, até porque a questão, como sublinhou João Parrinha, “não é só para com o ambiente, é para com todos nós”.

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