Açoriano Oriental
Listas de espera cirúrgicas voltam a dividir Governo dos Açores e oposição
O secretário regional da Saúde dos Açores, Luís Cabral, anunciou hoje novas medidas, para 2015, para combater as listas de espera cirúrgicas na região, que a oposição voltou a considerar uma "vergonha", sublinhando que continuam a aumentar.
Listas de espera cirúrgicas voltam a dividir Governo dos Açores e oposição

Autor: Lusa/AO Online

O debate foi feito no plenário do parlamento dos Açores, na Horta, ilha do Faial, que está esta semana a analisar o Plano e Orçamento da região autónoma para 2015.

Na apresentação do orçamento da sua Secretaria, Luís Cabral, voltou a dizer que os dois anos de medidas para reestruturar o Serviço Regional de Saúde (SRS) já têm resultados positivos e anunciou novas medidas para 2015, entre elas "um sistema de produção adicional" cirúrgica, coordenado com os hospitais, "transversal a todas as especialidades", de forma a "aumentar em cerca de 20% a capacidade de resposta" dos blocos operatórios, "sem aumentar as listas de espera".

Com vista à "transparência" dos dados, Luís Cabral revelou ainda, durante o debate com a oposição, que a partir de janeiro passará a haver nos Açores uma "lista integral" de doentes à espera de uma cirurgia, independentemente do tempo de espera (e não apenas quem aguarda há pelo menos 18 meses).

Luís Cabral reiterou que as medidas tomadas nos últimos dois anos permitiram já, por exemplo, reduzir algumas listas no hospital da Horta e da Terceira e lembrou que em Ponta Delgada começou este mês a funcionar uma "sala de pequenas cirurgias", que deverá responder a muitos casos que estão nas listas.

PSD, CDS-PP e PPM criticaram, porém, a gestão deste problema por parte de Luís Cabral, insistindo que o secretário regional apresentou dados "que lhe convinham" mas que, no conjunto, as listas de espera para cirurgia não param de aumentar nos Açores.

Artur Lima, do CDS-PP, disse que Luís Cabral "devia envergonhar-se das listas de espera" que apresenta após dois anos de legislatura e "pedir desculpa aos açorianos", em vez de fazer um "discurso triunfalista".

Luís Maurício, do PSD, saudou o anunciado programa de produção adicional nos hospitais, e sublinhou que os sociais-democratas apresentaram esta mesma proposta em janeiro de 2013.

Para o PSD, tem de haver uma aposta na "racionalização" dos recursos disponíveis na região para responder às listas de espera, e não ficar à espera, como faz o Governo Regional, que haja uma "migração planetária" de médicos, que "não há em lado nenhum", para os Açores.

Paulo Estêvão, do PPM, considerou "um desastre" a gestão de Luís Cabral, dizendo que a acessibilidade aos cuidados piorou e até "pessoas da classe média" estão a "desistir" de se tratar por falta de recursos.

Também PSD e CDS-PP criticaram as novas regras que limitaram os reembolsos de consultas e tratamentos no privado.

Artur Lima acusou mesmo Luís Cabral de atitude "persecutória e bisbilhoteira" ao exigir a apresentação do IRS a quem pede um reembolso e disse que as taxas moderadoras são hoje "taxas financiadoras" do SRS.

O secretário regional respondeu que nunca alterou as taxas moderadoras e a maioria socialista, que apoia o Governo Regional, lamentou a linguagem de Artur Lima, que atribuiu a uma "ressentimento pessoal" em relação a Luís Cabral.

O PS defendeu o caminho que tem sido seguido na Saúde na região, considerando também que há resultados positivos. E lembrou que os problemas do setor são complexos e, muitos deles, de difícil resposta em qualquer parte.

No caso das listas cirúrgicas, atribui o seu aumento à melhor referenciação de doentes por parte do SRS.

O partido sublinhou, também, o "esforço" de financiamento do SRS nos últimos anos, que será reforçado em mais 15 milhões de euros em 2015, estando neste momento o sistema perto de atingir o "equilíbrio" financeiro.

Nos dois anos que restam de legislatura, o "maior desafio", segundo Luís Cabral, é cumprir a promessa eleitoral de todos os açorianos terem médico de família até 2016, e referiu que o orçamento do próximo ano atribui meio milhão de euros a "políticas de captação" de novos clínicos para as ilhas.

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