Açoriano Oriental
Líder PSD culpa PS pela austeridade, Costa acusa Passos de ser passa culpas
O presidente do PSD responsabilizou esta quinta-feira os socialistas pela austeridade praticada em Portugal e ligou António Costa à "aventura" do Syriza grego, enquanto o secretário-geral do PS afirmou que a austeridade é a ideologia de Passos Coelho.
Líder PSD culpa PS pela austeridade, Costa acusa Passos de ser passa culpas

Autor: Lusa/AO Online

 

Posições a propósito do tema "política europeia" trocadas no segundo e último frente-a-frente entre Pedro Passos Coelho e António Costa transmitido em simultâneo pelas rádios Antena 1, Renascença e TSF a partir do Museu da Eletricidade, em Lisboa, e que começou com um atraso de sete minutos.

O líder do PSD colou o secretário-geral do PS ao Syriza grego, dizendo que Costa saudou a vitória eleitoral de Alexis Tsipras, defendeu que governou nos últimos quatro anos de acordo com a linha europeia, sem "precisar de qualquer revisionismo", e que foi forçado uma austeridade maior do que previa quando chegou ao executivo em junho de 2011. António Costa reagiu, acusando Passos Coelho de ter uma atuação política "passa culpas" e sustentando a tese de que a austeridade faz parte do pensamento político do primeiro-ministro.

Ao contrário do que se passara no debate transmitido pelas televisões, Passos Coelho não mencionou desta vez o nome do ex-primeiro-ministro José Sócrates e abriu o frente-a-frente logo com críticas ao líder socialista.

Primeiro António Costa acusou-o de ter seguido uma política de austeridade "por vontade própria" e de ter ido por isso para além das exigências da ‘troika' (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional), colocando o país sob sacrifícios que apenas resultaram do seu próprio pensamento político.

Depois, Passos Coelho passou ao contra-ataque: "Nos últimos quatro anos, o PS deu a entender que se verificava uma fratura, havendo partidos com afinidades socialistas que tinham uma visão oposta à do Governo português".

"Mas, da mesma maneira que António Costa começou por saudar a vitória do Syriza, para depois dizer que afinal o Syriza seguia uma estratégia tonta - isto sempre ao sabor das consequências trágicas que estavam a ocorrer na Grécia -, foi também manifestando a sua surpresa por outros governos socialistas na Europa estarem alinhados com as condições reais que tiveram de enfrentar, fosse no caso francês ou italiano", apontou.

Ao contrário da via política do PS baseada "numa retórica sem fiabilidade", segundo Pedro Passos Coelho, o Governo português, "felizmente, não precisou de nenhum revisionismo para responder aos problemas".

O líder socialista ripostou então que Pedro Passos Coelho, mesmo antes de ser primeiro-ministro, defendia o caminho da austeridade, sustentando que "Portugal precisava de uma cura de empobrecimento", já que "vivia acima das suas possibilidades".

António Costa disse ainda que o Governo português, em vez de ter procurado articular a sua posição com os executivos de Madrid e de Roma, que organizaram uma cimeira em 2012 - no auge na crise das dívidas soberanas -, não compareceu, optando antes por ir "além da troika" ao cortar salários, pensões, prestações sociais e ao subir impostos.

"De uma vez por todas, tem de ter a coragem de assumir perante os portugueses que o senhor fez o que quis, não porque alguém o obrigou a fazer", advogou o líder socialista, com o presidente do PSD a contrapor que a austeridade em Portugal "foi aquela que o último Governo do PS consentiu que a realidade impusesse ao país".

"Quando cheguei a primeiro-ministro o desvio nas contas públicas era superior a um por cento do PIB (Produto Interno Bruto). A austeridade teria sido evitada se o Governo do PS não tivesse conduzido o país quase à bancarrota - algo que continua a não reconhecer ao fim de quase quatro anos, o que lhe fica mal", alegou, com António Costa a reagir imediatamente: "O PS assume todas as suas responsabilidades"

"Agora o senhor passa o tempo a passar as culpas, ou para o Banco de Portugal, ou para o passado. O senhor não se consegue libertar do passado", declarou, considerando que, enquanto primeiro-ministro, Passos só teve uma surpresa: "A dívida escondida da Região Autónoma da Madeira".

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