Autor: Lusa/AO online
Oito meses de revolta popular na Líbia e uma intervenção da NATO obrigaram-no a fugir em agosto, quando a capital, Tripoli, foi conquistada pelas forças que apoiam o Conselho Nacional de Transição (CNT).
Kadhafi, o mais antigo dirigente árabe e africano, lançou até ao fim apelos à "resistência" contra os "cruzados" ocidentais e contra os "rebeldes" ligados, segundo dizia, à Al-Qaida.
Foram estes rebeldes que anunciaram a sua captura e morte em Sirte, sua região natal, cercada há várias semanas pelas forças do CNT.
Segundo a sua própria lenda, Muammar Kadhafi nasceu numa tenda beduína no deserto de Sirte, a 07 de junho de 1942, recebeu educação religiosa e entrou no exército em 1965.
Aos 27 anos, liderou um golpe que derrubou o rei Idris, a 01 de setembro de 1969, sem derramamento de sangue.
Em 1977, proclamou a "Jamahiriya", "um Estado de massas" que governava através de comités populares eleitos. No seu "Livro Verde" preconiza uma democracia direta, conjugando socialismo e pensamento islâmico.
Para dirigir um país com recursos petrolíferos e onde trabalham centenas de milhares de africanos, Kadhafi adotou um estilo imprevisível, com comportamentos pouco habituais e usando ora vestes tradicionais ora uniformes militares.
Gostava de receber na sua tenda, rodeado de mulheres soldados, as suas amazonas.
Acusado de "terrorismo", tornou-se o principal inimigo dos ocidentais. A capital líbia foi bombardeada pelos Estados Unidos em abril de 1986.
A Líbia foi alvo de vários embargos depois de um atentado contra um avião norte-americano que sobrevoava Lockerbie, na Escócia (270 mortos em 1988) e um avião francês no Níger (170 mortos em 1989). Tripoli reconheceu responsabilidade e pagou indemnizações às famílias das vítimas.
Em 2003, a Líbia anunciou o desmantelamento dos seus programas secretos de armamento e nos anos seguintes Kadhafi começou a ser recebido de 'braços abertos' em capitais ocidentais como Paris e Roma.
Tudo muda a 15 de fevereiro de 2011 com a insurreição, a tomada de Benghazi pelos rebeldes do CNT e a intervenção da NATO autorizada pela ONU a 17 de março.
O Tribunal Penal Internacional lançou contra Kadhafi e contra um dos seus filhos, Seif Al-Islam, um mandado de captura "por crimes contra a humanidade".