Açoriano Oriental
José Sócrates desejou boa sorte ao novo executivo de esquerda
O antigo primeiro-ministro José Sócrates desejou hoje "boa sorte" ao novo governo de esquerda, que nasce de uma "circunstância especial" de um acordo do PS, Bloco de Esquerda e PCP e que espera que restaure o "valor da igualdade".
José Sócrates desejou boa sorte ao novo executivo de esquerda

Autor: LUSA/AO Online

O pequeno auditório do Teatro Municipal de Vila Real encheu para ouvir José Sócrates discursar, naquela que é a segunda sessão pública depois da libertação do ex-primeiro ministro. Aos 150 lugares sentados juntaram-se muitas pessoas nas escadas, no chão, no palco e nos bastidores. José Sócrates disse que regressou hoje à sua terra para agradecer o apoio dado num momento muito difícil da sua vida, mas também para falar de política e de justiça. “Anuncia-se um novo governo, verdadeiramente um novo governo, que nasce de uma circunstância especial”, afirmou. O antigo primeiro-ministro referia-se ao acordo entre o PS, o Bloco de Esquerda (BE) e PCP. “Não é apenas o governo que é novo, é também este tempo político. É o começo de um novo começo. Nada nos soa melhor do que os inícios”, salientou. Para Sócrates, as novidades são auspiciosas. E, pese embora as “reservas, objeções, ou receios” que muitos podem ter, o ex-dirigente socialista fez questão de desejar “boa sorte” na governação. “Porque o facto é que o país precisa de um novo governo, que traga uma nova visão de futuro para o país, que vença a miopia dos últimos quatro anos”, afirmou. Na sua opinião, é preciso que acabe “o tempo em que o governo apenas dizia o que não podíamos fazer”. Agora, acrescentou, é tempo de um governo que diga aos “portugueses o que podem fazer”. E o que Sócrates espera é também um governo que volte a ter um projeto de ambição e de modernização para o país”, que restaure o “valor da igualdade” e que retome o “discurso do desenvolvimento do interior”. Autarcas, dirigentes, militantes e simpatizantes socialistas, foram muitos os que fizeram questão se juntar na cidade transmontana e que até faltaram, como José Lello, à Comissão Nacional do PS, que decorreu hoje. O ex-secretário-geral do PS foi convidado a intervir sobre um tema à sua escolha, numa sessão pública que surgiu do convite de autarcas e dirigentes socialistas que, segundo o presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos, reconhecem o “excelente trabalho” que fez na região. Das obras públicas impulsionadas pelo governo de José Sócrates, entre 2005 e 2011, destacam-se as vias rodoviárias (Túnel do Marão, Autoestrada Transmontana, Itinerário Complementar 5), investimentos em hospitais e centros escolares, o Espaço Torga em Sabrosa. José Mateus veio de Aveiro de propósito “dar um abraço” ao homem que diz admirar muito. “A viagem durou uma hora e meia e graças a quem? A ele que fez as autoestradas”, frisou. António Monteiro veio de Alijó, o concelho de onde Sócrates diz que é natural, para ouvir um “homem 100%”. Este conterrâneo do ex-dirigente socialista também foi “por duas vezes” a Évora porque considera que é preciso dar apoio a um homem que tanto fez pela região. Depois de detido no ano passado, indiciado pelos crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção passiva para ato ilícito, Sócrates ficou em prisão domiciliária em setembro e em outubro foi libertado, embora esteja proibido de se ausentar de Portugal e de contactar com outros arguidos do processo da "Operação Marquês".

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