Açoriano Oriental
Jerónimo diz que programa "é mais do mesmo, colorido com proclamações"
O secretário-geral comunista afirmou hoje que o programa do Governo PSD/CDS-PP "é mais do mesmo, colorido com mais algumas proclamações", enquanto o primeiro-ministro explorou algumas contradições entre PCP e PS, nomeadamente em relação à banca e ao euro.
 Jerónimo diz que programa "é mais do mesmo, colorido com proclamações"

Autor: Lusa/AO Online

Em resposta a Jerónimo de Sousa, no debate parlamentar, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, questionou o deputado do PCP sobre se não se importava de onerar o Estado com o custo de eventuais nacionalizações de bancos e perguntou se o PS continuava ou não a ser "farinha do mesmo saco" da coligação PSD/CDS-PP como os comunistas diziam em campanha.

"Mais do mesmo, podíamos dizer, colorido com mais algumas proclamações. Este ‘mais do mesmo' é digno que se louve na sua coerência", afirmou Jerónimo de Sousa, lamentando que, "depois de tantos sacrifícios, tantas vidas empobrecidas", o Governo não tenha resolvido "nenhum dos problemas estruturais" e "a única coisa que garantiu foi o lucro, os dividendos, os privilégios dos grandes grupos económicos e financeiros".

Na opinião do líder comunista, "não foi nada por crueldade, má-fé ou vendetta, foi por opção politica" e, enquanto a política seguida "continuar a reforçar as fortunas nas mãos de uns quantos, os pobres aumentarão sempre mais".

"Fizeram uma campanha a afirmar que há que não estragar o que já foi feito. Como assim? São responsáveis por estragar a vida e os direitos a milhões de portugueses", insurgiu-se contra os "cortes em salários e pensões", dificuldades sofridas por "pequenos e médios empresários e agricultores, nas forças de segurança, entre os militares e homens e mulheres da ciência e da cultura".

"Vem agora falar em defender e revigorar o Estado social, mas depois escreve e propõe liberdade de acesso à saúde, liberdade de escolha do projeto educativo, ou seja, serviços mínimos para os pobres e dinheiros públicos para financiar a educação e a saúde dos mais ricos", lamentou o parlamentar do PCP, sublinhando o "encharcamento com mais de mil milhões de euros do Banif", que ainda só devolveu uma prestação ao Estado pela sua recapitalização face à perseguição do fisco aos contribuintes - "ai de um português que se atrase em dois ou três meses na renda da casa!".

O líder do executivo conjunto com Paulo Portas, presidente do CDS-PP, declarou que "não é opção do Governo andar a nacionalizar a banca e, nessa medida, a socializar as perdas privadas".

"Prefiro mil vezes, conforme foi utilizado nestes quatro anos, disponibilizar meios públicos para a capitalização adequada dos bancos com relevância, aguardando que possam viabilizar os seus programas de reajustamento e reembolsar o Estado, do que tomar toda a dívida dos bancos que não foram geridos com prudência", disse Passos Coelho, questionando se Jerónimo de Sousa não se importava de impor esse custo aos portugueses.

O chefe do executivo recordou ainda recentes propostas do PCP no Parlamento Europeu, favoráveis à preparação de Portugal para a saída do euro para confrontar o secretário-geral comunista com a discordância face aos princípios europeístas do novo parceiro, o PS, com o qual celebrou um acordo para um Governo alternativo.

"Começo a ter dificuldade em identificar uma célebre asserção sua - são todos farinha do mesmo saco. No fundo no fundo, são todos iguais. O PCP é diferente", continuou Passos Coelho, concluindo "haver alguma contradição, pelo menos até conhecer o teor do acordo político que via ser revelado", perguntando se "as medidas e as políticas, finalmente, vão tirar do mesmo saco de farinha o PS".

 

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