Açoriano Oriental
Jazida de sal-gema alimenta únicas salinas no interior do país
As salinas de Rio Maior, situadas no sopé da serra dos Candeeiros, a 30 quilómetros da costa, resultam de uma jazida de sal-gema que se formou ao longo de milhões de anos na zona entre Leiria e Torres Vedras.

Autor: Lusa / AO online

A natureza calcária do terreno, facilitando a penetração das águas que correm aqui em rios subterrâneos, permite que uma destas correntes se torne salgada ao atravessar a jazida de sal-gema.

Essa corrente alimenta o poço situado no centro das salinas – que apresenta uma concentração de 96 por cento de cloreto de sódio -, de onde é retirada a água que inunda os 470 talhos que se espalham por uma área de 27 000 metros quadrados.

De maio a setembro, os cerca de 80 proprietários dos talhos, na sua esmagadora maioria reunidos na Cooperativa de Produtores de Sal de Rio Maior, retiram à volta de 1500 toneladas de sal, que vendem essencialmente para a indústria.

José Casimiro, encarregado geral da cooperativa, disse à agência Lusa que cerca de 400 toneladas da produção anual é exportada para indústria panificadora na Alemanha, depois de peritos alemães terem analisado o sal de Rio Maior, considerando-o “um dos melhores que há no mundo”.

Para Júlio Ricardo, dirigente da Cooperativa Terra Chã, entidade promotora do curso de salineiros para desempregados que está a decorrer nas marinhas de Rio Maior, a expetativa é que esta ação de formação contribua para introduzir práticas que apurem a qualidade, nomeadamente reduzindo a quantidade de impurezas, e ajudem a tirar todo o proveito deste produto.

Além da formação em produção artesanal de sal, o curso, que tem como entidade formadora a Associação de Artesãos das Serras d’Aire e Candeeiros, inclui uma vertente de recuperação das salinas e de algumas das casas tradicionais e procura a criação de novos produtos, como a flor do sal ou a mistura do sal com ervas aromáticas e condimentares.

O formador José João Rodrigues frisou a vantagem de as salinas de Rio Maior estarem inseridas no Parque Natural das Serras d’Aire e Candeeiros, que, ao ser zona protegida, permite assegurar a qualidade do sal e onde existe grande diversidade de plantas aromáticas.

No esforço de preservação e valorização das salinas, a câmara municipal de Rio Maior aprovou, a semana passada, os termos de referência e a delimitação do Plano de Pormenor de Salvaguarda das Marinhas do Sal.

Para a presidente da autarquia, Isaura Morais, o património e o desporto são “âncoras” do desenvolvimento local, pelo que tudo fará para fazer das salinas “uma zona de excelência turística no concelho”.

O documento mais antigo conhecido com referência às marinhas de Rio Maior data de 1177, mas os historiadores acreditam que o seu aproveitamento seria feito desde a Pré-História.

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