Açoriano Oriental
Jaime Gama defende políticas "coerentes" para combater a fragmentação internacional
O antigo presidente da Assembleia da República Jaime Gama, que hoje recebeu o grau de doutor 'honoris causa' pela Universidade dos Açores, defendeu que a fragmentação do sistema internacional requer "políticas coerentes e consistentes" por parte dos Estados.
Jaime Gama defende políticas "coerentes" para combater a fragmentação internacional

Autor: Lusa/AOOnline

 

“O período que hoje vivemos de fragmentação do sistema internacional, com a perda de papel por parte das grandes organizações multilaterais e a emergência de novos protagonistas, ou de novas doutrinas de intervenção por parte dos velhos protagonistas, aliado ao recurso a políticas inusitadas de violência, como o terrorismo suicida, não deixam augurar nada de bom”, declarou Jaime Gama, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros.

Jaime Gama, que falava em Ponta Delgada, concelho de onde é natural, na cerimónia em que lhe foi atribuído o doutoramento ‘honoris causa’, adiantou que este cenário “justifica seriamente a adoção de políticas coerentes e consistentes por parte dos Estados que queiram continuar a desempenhar um papel relevante na vida internacional”.

“Quem julgar que escapa a esse turbilhão, estendendo-se por detrás da inação, vai pagar um elevadíssimo preço por esse tipo de improvidência abúlica”, referiu.

Sobre o percurso, o militante socialista e um dos fundadores do PS considerou que, não tendo herdado a política como um “legado direto de família”, não a viveu, nunca, como uma “aplicação dedutiva de um código ideológico, nem como a prossecução prática de uma qualquer modalidade de escuta pelos poderes empíricos”.

Jaime Gama assinalou que aprendeu neste percurso a ser “ativo sem ser sectário, determinado sem ser ortodoxo”, a “procurar mais o todo do que a parte” e a “preferir a visão aberta à pugna mesquinha”.

“No complexo processo de instauração da democracia no nosso país, com corolários fortes na relação civil e militar, na definição do sistema e instituições, nomeadamente as autonomias regionais, no enquadramento estratégico da atividade económica e financeira, na escolha das alianças internacionais, sinto que acabei por me converter em algo que os exaltados tanto abominam, por ser, regra geral, um moderado”, disse.

Jaime Gama, que foi igualmente ministro do Estado, da Defesa, Administração Interna, manifestou-se convicto de que a moderação “continuará a ser sempre essencial para o funcionamento normal das sociedades e suas instituições”, salvaguardando que sem o “sentido de equilíbrio o desenlace do que muito se passou na década de 70 podia não ter tido o grau de sedimentação pacífica que acabou por se revestir, com vantagem para todos”.

Jaime Gama nasceu em 1947 na freguesia da Fajã de Baixo. Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi ainda professor do ensino secundário e universitário, e jornalista.

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