Autor: Lusa / AO online
“O objetivo central desta iniciativa é informar os cidadãos imigrantes detidos dos seus deveres e ao mesmo tempo apoiar, já pensando na reintegração, no sentido de minimizar as hipóteses de reincidência”, afirmou o presidente da AIPA, Paulo Mendes, em declarações à agência Lusa.
No estabelecimento prisional de Ponta Delgada estão, atualmente, 206 reclusos no total, sendo que “menos de dez são cidadãos imigrantes” adiantou à Lusa fonte da cadeia, acrescentando que “só nos últimos dois meses entraram vários reclusos imigrantes oriundos de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP)”.
Para Paulo Mendes, apesar de a AIPA já desenvolver um “trabalho menos visível” com a cadeia de Ponta Delgada esta será “a primeira sessão de informação mais sistematizada” que a Associação realizará, com o intuito de dar, também, algum apoio psicológico a estes reclusos, uma vez que muitas destas pessoas não têm familiares na ilha.
Sem revelar o tipo de crimes por que foram detidos estes imigrantes, Paulo Mendes adiantou que este “trabalho de proximidade” será replicado no estabelecimento prisional de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, onde a AIPA também dispõe de um núcleo.
Segundo o responsável, a sessão informativa vai contar com a presença de dois técnicos da associação, que vão falar de deveres e de direitos, bem como informar os imigrantes detidos sobre o tipo de rede e instituições que poderão contactar quando saírem em liberdade para se reintegrarem socialmente.
“Se ser imigrante muitas vezes já é complicado, obviamente, que quando acrescentamos em cima disso a reclusão e depois a saída a nossa experiência, objetivamente, diz que as dificuldades de integração aumentam ainda mais”, considerou o presidente da AIPA.
Nos Açores residem atualmente 3.361 imigrantes de 60 nacionalidades, com destaque para os brasileiros (521 pessoas), os alemães (385), os chineses (304) e cabo verdianos (266), entre outras.
Paulo Mendes explicou que o universo de imigrantes a residir no arquipélago já foi maior, mas nos últimos quatro a cinco anos houve um conjunto de cidadãos que obteve a nacionalidade portuguesa, deixando de figurar nas listagens do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
A Associação dos Imigrantes nos Açores, criada em 2003 e com centros de atendimento em Ponta Delgada e Angra do Heroísmo, tem 1.200 associados.