Autor: Lusa/AO Online
O evento, apresentado como “a grande festa do Cante - Património Cultural Imaterial da Humanidade”, decorre em Serpa (distrito de Beja), na sexta-feira e no sábado, e em Lisboa, no domingo.
O objetivo é comemorar a classificação atribuída pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) ao canto polifónico tradicional do Alentejo, a 27 de novembro de 2014, em Paris (França).
O programa do Cante Fest’2015, promovido pela Câmara de Serpa, Casa do Cante, Casa do Alentejo e Turismo do Alentejo, inclui espetáculos, exposições, conferências e, na sexta-feira, na cidade alentejana, a sessão oficial comemorativa da efeméride.
Nesta sessão, vai ser apresentada uma moeda comemorativa do Cante, da Imprensa Nacional Casa Moeda, e lançada a revista da Casa do Cante, intitulada A Tradição – nova série.
A revista A Tradição “foi publicada entre 1899 e 1904”, em Serpa, mas com âmbito nacional, e “é uma das grandes revistas de etnografia portuguesa”, sendo agora o título recuperado pela Casa do Cante.
“Não vai ser uma revista de folclore, mas sim uma revista dedicada a esse campo vasto da antropologia que é a etnografia e na qual o cante vai ter um papel grande”, explicou hoje à agência Lusa o diretor da Casa do Cante, Paulo Lima.
O número zero da publicação, que vai ter caráter semestral, tem o cante alentejano em destaque, com fotos, textos e a apresentação do dossiê da candidatura à UNESCO.
A sessão de sexta-feira marca também a apresentação do Roteiro Digital do Cante, incluído na plataforma Paisagem Id (www.paisagem-id.pt) e através do qual os interessados podem encontrar informações e os contactos dos grupos corais alentejanos.
“A ideia é agilizar o acesso ao cante por parte daqueles que o procuram, de forma direta, sem intermediários, colocando em contacto os grupos corais e as pessoas que desejam experienciar o cante”, referiu Paulo Lima.
Através desta página de Internet, segundo o responsável, vai ser possível colocar em contacto turistas e grupos com ensaios abertos ao público e criar até roteiros, integrando áreas como a restauração e o património.
Nos dois dias do Cante Fest’2015 em Serpa, decorrem ainda atuações de grupos corais, a inauguração da exposição de fotografia “Cante. Paris. 2014”, do fotógrafo do Diário do Alentejo José Serrano, um espetáculo com o Projeto Polifonias do Mundo ou a conferência “Património Mundial: um novo produto turístico”, entre outras.
No domingo, o evento “ruma” a Lisboa, com atuações, a exposição “Cante. Paris. 2014”, a apresentação da revista A Tradição – nova série e uma conferência sobre polifonia, na Casa do Alentejo, estando o encerramento agendado para a Igreja de S. Domingos, com um espetáculo que combina cante e fado.
O 1.º aniversário do cante como Património da Humanidade é assinalado noutros concelhos alentejanos, como é caso de Beja, na sexta-feira, com atuações nas escolas e em espaços comerciais no centro histórico, exposições em vários restaurantes e a instalação artística de fotografia “Retratos do Cante”, na Praça da República.
Em Castro Verde, no domingo, a câmara lança a coletânea "Planície a Cantar”, com temas de grupos corais do concelho, os quais marcam presença num desfile pelas ruas da vila.
As propostas, em Ourique, na sexta-feira, passam pela inauguração da rotunda da Viola Campaniça e do Cante Alentejano, com atuações de vários grupos, e um espetáculo no cineteatro.
No âmbito da Feira do Livro de Mértola, o Grupo Coral Guadiana promove, na sexta-feira, um ensaio aberto à população para celebrar também o 1.º aniversário da classificação do cante como Património da Humanidade pela UNESCO.