Açoriano Oriental
Grafismo de exposições e museus de Paris têm assinatura portuguesa
A identidade gráfica, os cartazes e os catálogos de exposições em vários museus na região de Paris contam com uma assinatura portuguesa, como o Jeu de Paume, o Palais de Tokyo e uma galeria do Palácio de Versalhes, entre outros.
Grafismo de exposições e museus de Paris têm assinatura portuguesa

Autor: Lusa/AO Online

O açoriano José Albergaria chegou a Paris em 1999 e cerca de um ano depois começou a trabalhar com o holandês Rik Bas Backer, tendo ambos fundado, em 2003, o ateliê de criação gráfica Change is Good, que é hoje uma referência no circuito do 'design' das instituições culturais parisienses.

“Há uma experiência, há um trabalho. Depois há, de facto, uma série de ateliês que rodam, que têm uma certa credibilidade em relação ao meio cultural e fazemos parte desse circuito”, contou à agência Lusa José Albergaria.

O ateliê Change is Good faz parte da Alliance Graphique Internationale, “um grupo internacional bastante restrito” de designers, onde se entra “por convite e portfolio”, com 32 representantes em França que “são talvez os que desenharam muitas instituições culturais francesas”, explicou o artista gráfico, precisando que ele e o sócio presidem o grupo francês.

O ateliê de José Albergaria concebeu, por exemplo, as identidades gráficas e os logotipos do Jeu de Paume, em 2007, um museu de arte contemporânea e de fotografia, e do centro cultural “104”, em 2011, um espaço de exposições, concertos e residências artísticas.

Os cartazes assinados pela dupla luso-holandesa aparecem, com frequência, nos corredores do metro parisiense, assim como nas ruas da capital francesa, a anunciar, por exemplo, exposições no Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris e no Palais de Tokyo, considerado como um dos maiores centros de criação contemporânea na Europa.

Aos cartazes, juntam-se, muitas vezes, os catálogos e a sinalética das exposições, como no caso de “Os Universalistas”, uma mostra sobre a arquitetura portuguesa realizada este ano na Cité de l’Architecture et du Patrimoine, ou no caso da exposição “Pliure: La Part du Feu”, na delegação francesa da Fundação Calouste Gulbenkian, no ano passado, havendo uma colaboração recorrente com esta instituição.

No portfolio dos projetos do artista gráfico português, há outros museus, como o Centro Pompidou, para o qual foi feito o catálogo da exposição sobre o artista Raymond Hains, em 2001, assim como a galeria de história do Palácio de Versalhes, para a qual foi realizado o grafismo nas paredes e o catálogo da exposição em 2012.

“Nós não procuramos um estilo preciso, até somos bastante contra a ideia que um atelier tem de ter um estilo para se afirmar ou para comunicar. O nome Change is Good é porque cada projeto é uma resposta diferente, é uma nova história, toda uma nova forma que se vai criar. O prazer também é procurar terrenos diferentes”, descreveu o designer de 46 anos.

O ateliê Change is Good também faz, todos os meses, o grafismo da revista francesa “Cahiers du Cinéma” e até concebeu a sinalética urbana da margem esquerda do rio Sena, em 2013.

Além da “mesma visão sobre o design gráfico, a mesma ética”, a música foi, desde o início, um elo de ligação entre José Albergaria e Rik Bas Backer que desenharam o catálogo da exposição “Velvet Underground – New York Extravaganza”, na Philharmonie de Paris, este ano, e fizeram a capa do novo disco do grupo francês Stupeflip, que vai ser lançado “em breve”.

A dupla também concebeu o catálogo para a exposição “Andy Warhol TV”, no museu Berardo, em 2010, refez a etiqueta da cerveja belga Vedett e obteve o segundo lugar da Bienal Internacional de Posters de Hangzhou, na China, com um cartaz para o Nouveau Théâtre de Montreiul, ainda que não sejam “grandes adeptos de concursos”, porque “muitos são pagos e é um bocado ridículo pagar para ver se se ganha”.

Atualmente, José Albergaria está a trabalhar no livro “Une Histoire des Civilizations – Les Évolutions de l’Archeologie Contemporaine”, que vai ser publicado em França, em 2017, pelas Éditions Découvertes e pelas Éditions Dominique Carré “e que vai ser talvez a grande referência para os próximos dez anos na arqueologia”.

José Albergaria moderou, esta sexta-feira, na Embaixada de Portugal em Paris, uma conversa sobre a Europa, entre o filósofo português Eduardo Lourenço e o cartoonista francês Plantu, os dois vencedores da edição de 2016 do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural, um dia depois de Eduardo Lourenço ter recebido o Prémio de Divulgação da Língua e Literatura Francesas na Academia Francesa.

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