Açoriano Oriental
Governo dos Açores vai perpetuar memória da baleação em São Miguel
A chaminé da antiga fábrica da baleia de São Vicente Ferreira, concelho de Ponta Delgada, nos Açores, vai ser classificada para perpetuar a memória da baleação na ilha de São Miguel, disse hoje o diretor regional da Cultura.
Governo dos Açores vai perpetuar memória da baleação em São Miguel

Autor: Lusa/AO Online

“Estamos com um processo, na sua finalização, de classificação da chaminé [da fábrica da baleia]”, afirmou Nuno Lopes, acrescentando estar em curso, “em resposta a uma resolução da Assembleia Legislativa, um estudo sobre todas as especificidades da baleação nos Açores, incluindo o chamado bote micaelense, que teria correspondência com a unidade de São Vicente”.

De acordo com o titular da pasta da Cultura, está a ser feita uma abordagem global sobre a baleação nos Açores e especificamente em cada ilha, visando dar resposta à resolução do parlamento regional, bem como à museografia do Museu do Pico, onde a atividade baleeira registou, a par da ilha de São Miguel, atividade intensa.

Nuno Lopes manifestou disponibilidade, por outro lado, para dialogar sobre qualquer iniciativa que a Junta de Freguesia de São Vicente Ferreira possua para esta área de forma a dignificar a memória da baleação.

De acordo com registos históricos, a atividade baleeira na ilha de São Miguel teve o seu início na segunda metade do século XIX, no lugar conhecido por “Calhau Miúdo”, onde se instalaram as primeiras indústrias que laboraram as baleias que ali chegavam a reboque de canoas.

Na sequência de um processo de fusão destas companhias, surgiu a Companhia das Armações Baleeiras, que deslocalizou a sua atividade para a fábrica construída no lugar dos Poços, em São Vicente Ferreira, que funcionou desde 1945 até ao princípio da década de setenta do século passado, data em que encerrou as portas.

Mosteiros, Bretanha, Capelas, Ribeirinha, Faial da Terra, Ponta Garça, Vila Franca e Caloura são outros locais da ilha de São Miguel com registos de atividade baleeira, onde houve a instalação de estruturas de processamento do cachalote, portos e pontos de vigia.

A presidente da Junta de Freguesia de São Vicente, Rosa Gomes, defendeu que o Governo dos Açores deveria classificar o terreno, hoje privado, onde funcionou a fábrica da baleia, para que, junto à chaminé, o que resta da velha unidade, seja criado um centro museológico.

O centro, segundo a autarca, seria alimentado por imagens alusivas à baleação, em suporte digital, bem como por painéis com texto a narrar esta memória.

João Luís Mariano, natural de Santo António, concelho de Ponta Delgada, considerado o último baleeiro na ilha de São Miguel, adiantou à Lusa que estaria disponível para explicar a locais e turistas, num eventual espaço museológico, todo o processo da baleação.

O baleeiro explicou que a unidade de São Vicente foi a primeira unidade dos Açores a produzir óleo e farinha.

Na altura da caça à baleia, eram 60 os baleeiros na ilha de São Miguel, numa atividade considerada lucrativa, a que os homens associavam o trabalho no campo.

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