Açoriano Oriental
Governo dos Açores quer estudo sobre doença de Alzheimer

O secretário regional da Saúde desafiou hoje a Universidade dos Açores, Escola Superior de Saúde e a Ordem dos Psicólogos a colaborarem com o executivo num estudo que permita conhecer a realidade da doença de Alzheimer no arquipélago.

Governo dos Açores quer estudo sobre doença de Alzheimer

Autor: Lusa/AO Online


“Lançamos o desafio a todas as entidades que podem colaborar na realização de um estudo sobre a temática de Alzheimer, porque o que se verifica é que existe ainda um tabu relativamente à doença e muitos dos casos não são diagnosticados”, afirmou Rui Luís, referindo que as “famílias não transmitem esta realidade e às vezes os utentes ficam nas próprias casas continuando com a doença sem ela ser nem diagnosticada, nem tratada”

O titular da pasta da Saúde, que falava aos jornalistas à margem da sessão de abertura de um seminário de sensibilização integrado no Dia Mundial da Pessoa com Doença de Alzheimer, na Lagoa, salientou ser preciso “desmistificar o problema das doenças das demências”.

“O nosso apelo é que a doença de Alzheimer deixe de ser um tabu e conheçamos a realidade para podermos ajudar quem precisa”, referiu Rui Luís, explicando que a perceção que existe atualmente sobre os casos nos Açores resulta do número de utentes que frequentam os centros de dia, os que têm tratamentos e os que contam com apoio específico para os medicamentos.

Contudo, "todos aqueles que ficam fora dessa franja” são desconhecidos e essa é uma preocupação, sublinhou.

O governante adiantou que até ao final do ano será apresentado o estatuto de apoio ao cuidador informal que está a ser elaborado pela Direção Regional da Solidariedade Social.

Este estatuto, segundo explicou, vai contar com a colaboração de um conjunto de entidades e servirá para definir as condições e apoios que podem ser dados aos cuidadores informais.

O neuropsicólogo João Lopes avançou que foi feito um rastreio a 05 de setembro na unidade de saúde da Lagoa, ilha de São Miguel, que teve como objetivo a avaliação cognitiva dos utentes, o que pode ser “um ponto de partida para um estudo a nível regional” tendo em conta a não existência de números de doentes de Alzheimer e seus cuidadores nos Açores.

“Foi o primeiro rastreio neurocognitivo na região em que participaram 63 pessoas, com idades entre os 50 e 75 anos. Entre os inquiridos, 19 apresentavam alterações graves que tiveram que ser reportadas aos médicos assistentes”, indicou.

Carolina Ferreira, psicóloga clínica e da saúde na Unidade de Saúde de Ilha de São Miguel, organizadora do evento, justificou a iniciativa porque a doença de Alzheimer “ainda é pouco estudada na região”.

“As pessoas têm pouco conhecimento acerca da doença e numa primeira fase poderão considerar que são sintomas naturais de alguém que está a envelhecer”, considerou Carolina Ferreira, afirmando que, ao nível do cuidador, existem várias dificuldades e falta de apoios, uma vez que há casos de familiares dos doentes com Alzheimer que têm de desistir da carreira profissional.


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