Açoriano Oriental
Fumar custa agora o dobro e um café aumentou 50% em dez anos
A chegada do euro manteve a maioria dos preços, à exceção de pequenas compras como pastelaria, onde as despesas chegaram a duplicar de um dia para o outro. Passados dez anos, o café aumentou 50 por cento (%) e fumar um cigarro custa agora o dobro.
Fumar custa agora o dobro e um café aumentou 50% em dez anos

Autor: Lusa/AO Online

Entre dezembro de 2001 e janeiro de 2002, “tudo o que era produtos de pastelaria aumentou e até duplicou de preço. Por exemplo era possível ver um pastel de nata passar de 50 escudos para 50 cêntimos”, recorda o secretário-geral da Deco, Jorge Morgado.

Segundo o responsável pela associação, que há dez anos acompanhou o fenómeno da variação dos preços, “muitas das pequenas despesas, que custavam até 100 escudos (50 cêntimos), duplicaram”.

A informação é confirmada pelo proprietário do café portuense Majestic, Agostinho Barrias, que admite que o euro permitiu aumentar os preços.

Dono de nove estabelecimentos comerciais no norte, Agostinho Barrias lembra que no tempo do escudo um café rondava os 50 escudos (25 cêntimos) mas, com a chegada do euro, passou automaticamente para 50 cêntimos: “Houve alguns reajustamentos fora do normal. Os arredondamentos eram sempre para mais, mas depois os preços mantiveram-se durante muitos anos”.

Atualmente, diz Barrias, “a média do preço de um café ronda os 60 cêntimos no norte e em Lisboa os 70”. Ou seja, em dez anos, o café subiu cerca de 50 por cento, quase o dobro da inflação (que ronda os 26,5% nesta década).

Quem também lucrou com a mudança da moeda foram os empregados de restauração e até os arrumadores, que contavam com gorjetas para equilibrar o orçamento familiar.

“As pessoas que antes davam 20 ou 50 escudos ao arrumador passaram a dar 50 cêntimos e deixar um ou dois euros de gorjeta num restaurante passou a ser normal', lembrou o responsável da Deco.

Mas o fim do escudo não significou carteiras mais vazias, segundo Jorge Morgado, que recorda que “nos primeiros anos não houve um índice inflacionista”: “Por exemplo, um quilo de maçãs, um quilo de carne ou de arroz não tiveram agravamentos substanciais. A roupa e calçado até ficaram mais baratos”.

O Banco de Portugal confirma a estabilização de preços no ano da chegada da nova moeda e aponta algumas razões: “A obrigatoriedade legal da dupla afixação dos preços e o facto de as regras para a conversão entre escudos e euros serem de aplicação simples contribuíram certamente para, na sequência da alteração da moeda, evitar o aumento abusivo dos preços dos bens e serviços”.

Por exemplo, meses antes da chegada do euro, alguns jornais nacionais já traziam a indicação dos dois preços: o 'Público' custava 200 escudos (um euro) e o 'Diário de Notícias' valia 100 escudos (50 cêntimos). O 'Expresso' custava 480 escudos (2,40 euros).

Dez anos depois, o maior aumento ocorreu no 'Diário de Notícias', que triplicou de preço para os atuais 1,50 euros. Já o 'Público' voltou a custar um euro (à exceção do fim-de-semana que custa 1,60 euros) e o 'Expresso' vale hoje três euros.

O tabaco também manteve o preço entre finais de 2001 e inícios de 2002, mas entretanto, nesta década, os fumadores passaram a gastar o dobro: em dezembro de 2001 um maço de 'Marlboro' custava 2,05 euros e agora custa quatro euros. O 'SG Ventil' passou de 1,85 euros há dez anos para 3,90 euros atualmente.

Na “Antiga Confeitaria de Belém”, a centenária pastelaria que vende os famosos Pastéis de Belém, os preços também não foram alterados com a mudança da moeda. O sócio gerente João Pexita ainda se lembra do tempo em que um café custava 90 escudos e um pastel 140 escudos, “quando chegou o euro, o café passou para 45 cêntimos e o pastel para 70”. Hoje, beber um café naquela pastelaria custa 70 cêntimos e um pastel 95 cêntimos.

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