Açoriano Oriental
Ferreira Gullar "surpreso" e "felicíssimo" com Prémio Camões
Vencedor do Prémio Camões 2010, o poeta e dramaturgo brasileiro Ferreira Gullar ficou "surpreso e felicíssimo" ao saber que tinha sido galardoado com a maior distinção da literatura portuguesa.

Autor: Lusa/AO Online

"Foi uma surpresa total. Fiquei felicíssimo", disse Ferreira Gullar à Agência Lusa, por telefone, da pousada onde está hospedado na cidade de Monteiro Lobato, no interior paulista, a 132 quilómetros da capital.

O município, na Serra da Mantiqueira, foi berço de um dos grandes nomes da literatura brasileira - José Bento Monteiro Lobato, e preserva não só a memória do escritor em seu nome como o seu maior património - o Sítio do Pica-Pau Amarelo, que inspirou personagens como Jeca Tatu, Emília e Visconde de Sabugosa.

"Eu estava justamente no Sítio do Pica-Pau Amarelo, quando tocou o telefone de lá e me chamaram. Eu não tenho telemóvel. Achei estranho. Como é que me encontraram aqui? Era o (académico e professor Antonio Carlos) Secchin a informar-me que eu tinha ganhado o prémio. Nem acreditei. Eu não esperava", contou o poeta à Lusa.

Na avaliação de Ferreira Gullar, o galardão "de indiscutível importância" é um reconhecimento.

"O que eu escrevi tocou as pessoas. É isso que o prémio reconhece e, por expressar um juízo multinacional de toda a comunidade de língua portuguesa, tem um significado maior", considerou.

O poeta, cujo nome, na verdade, é José Ribamar Ferreira, disse ter já comemorado o Prémio Camões com a população de Monteiro Lobato - "a cidade dá sorte", afirmou.

Segundo o escritor as comemorações vão continuar no Rio de Janeiro, onde mora, quando voltar a casa na quarta feira, depois de participar num projeto do Governo de São Paulo, que prevê a visita de escritores a municípios do estado.

Na sua opinião, as pessoas já nascem com uma vocação, ainda que tenham que desenvolvê-la depois.

"Noel Rosa já cantava que 'samba não se aprende na escola'. Eu nasci poeta", afirmou o maranhense, de 79 anos.

O quarto dos 11 filhos de Alzira Ribeiro Goulart e do comerciante Newton Ferreira já recebeu, em 2007, o prémio Jabuti, com o livro Resmungos, e foi considerado pela revista Época como um dos 100 brasileiros mais influentes de 2009.

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