Açoriano Oriental
Fazer sondagens nos Açores comporta "risco mais elevado"
Fazer sondagens nos Açores comporta um "risco mais elevado" do que no resto do país devido à dispersão geográfica ou ao desequilíbrio do sistema eleitoral, disseram à Lusa representantes de quatro empresas que realizam estes estudos.
 Fazer sondagens nos Açores comporta "risco mais elevado"

Autor: LUSA/AOnline

"É mais difícil precisamente porque o sistema eleitoral dos Açores é um sistema com grande desequilíbrio, isto é o Corvo com menos de 400 eleitores, elege dois deputados e a ilha de São Miguel, com mais de 120 mil eleitores elege 20", afirmou Rui Oliveira e Costa, administrador da Eurosondagem -- Estudos de Opinião, criada em 1991 e sediada em Lisboa.

Nos últimos 20 anos, a Eurosondagem realizou várias sondagens sobre atos eleitorais no arquipélago e segundo Rui Oliveira e Costa "o grau de dificuldade era grande e continua ser grande".

"Nos Açores há nove círculos de ilha e um círculo regional de compensação [que junta os votos sobrantes de todas as ilhas para eleger cinco deputados]. Mais difícil do que os Açores não existe", destacou Rui Oliveira e Costa, acrescentando que a sua empresa está a terminar uma sondagem para as eleições regionais, sem revelar quem é o cliente e qual o valor.

O consultor técnico da única empresa que realiza sondagens e estudos de opinião na região, a NormaAçores, criada em 1984, destacou a "dispersão territorial" e a personalidade "mais fechada" dos açorianos como fatores que dificultam a realização deste tipo de trabalho nas ilhas.

Na opinião de Pedro Santos, quando a amostra da sondagem é mais pequena é preferível concentrar o trabalho em ilhas "mais representativas", como São Miguel, Terceira, Santa Maria, São Jorge e Pico.

Reconhecendo que as ilhas mais pequenas aumentam os desvios nos resultados das sondagens, Pedro Santos explicou que a NormaAçores recorre sobretudo ao contacto telefónico para realizar o seu trabalho, uma vez que o sistema porta a porta encarece muito o preço das sondagens.

"Uma sondagem de opinião política não é mais do que um instrumento de trabalho. Deve ser utilizado como tal, deve ser analisado com cuidado e ser feito um plano de ação com base nos resultados apurados", afirmou Pedro Santos, realçando que "o resultado da sondagem depende muito do período em que é feita".

Isto também é atestado pelo responsável pelas sondagens políticas do Centro de Estudos e Sondagens da Universidade Católica Portuguesa, João António, que anunciou uma sondagem à boca das urnas a 16 de outubro, nas assembleias de voto das ilhas de São Miguel e Terceira, por serem os círculos que elegem mais deputados (20 e dez respetivamente dos 57 deputados no parlamento açoriano).

"A sondagem foi encomendada pela RTP. Será feita apenas uma pergunta a quem for votar pelos cerca de 100 entrevistadores, sendo que estão previstas realizar cerca de 6.000 entrevistas rápidas", adiantou João António, sem revelar quanto irá custar este estudo.

O diretor-geral da Intercampus, empresa no mercado desde 1990, destacou que "o voto nas democracias ocidentais é produto da simpatia e motivação".

António Salvador apontou o exemplo da sondagem feita sobre o aborto, em que os Açores foram uma das regiões do país que mais participou, contrastando com o que ocorre quando falamos em sondagens políticas/eleitorais.

"Quando o assunto desperta mais interesse/motivação as pessoas participam mais", sustentou.

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