Açoriano Oriental
Exposição revisita vida de um dos mais importantes construtores navais dos Açores
Uma exposição sobre o mestre José Melo, um dos mais importantes construtores navais em madeira, dos Açores, é inaugurada na próxima segunda-feira, no Museu da Indústria Baleeira, em São Roque do Pico.

Autor: Lusa/Açoriano Oriental

 

"É a revisitação que já não podemos fazer em vida a muitos dos grandes construtores navais da ilha do Pico", afirmou à agência Lusa o diretor do museu, Manuel Costa Júnior.

Segundo Manuel Costa Júnior, a mostra segue o critério de "aproveitar os grandes que ainda estão vivos", revisitando "a história e a memória de alguns desses grandes construtores navais em madeira do Pico e dos Açores".

O diretor adiantou que a mostra se inscreve, também, na necessidade de investigação em torno dos "temas associados ao mar e à cultura marítima e naval", incluindo-se "os saberes, as técnicas e as tecnologias associadas" a estas atividades económicas que "o Pico desenvolveu de uma forma muito intensa".

A exposição, denominada "Mestre José Melo -- Um homem à frente do seu tempo", patente até 01 de outubro, quer dar a conhecer a vida e obra do construtor naval, "reconhecido por empresas, universidades e público especializado".

Segundo informação disponibilizada pelo museu, José Silva Melo, filho de um construtor naval com quem aprendeu, nasceu há 85 anos em Santo Amaro, Pico, ilha considerada como o "grande centro de produção de barcos em madeira dos Açores".

Ainda em criança ajudava o pai e, aos 16 anos, "desenhou e construiu, do princípio ao fim, a sua primeira embarcação, um barco para a pesca da sardinha".

Entre 1953 e 1955, cumpriu o serviço militar na ilha Terceira e, neste período, a Força Aérea norte-americana instalada nas Lajes encomendou-lhe a construção de um barco de guarda costeira, de 16,8 metros, embarcação que seria utilizada para sinalizar aviões e prestar socorro.

Aos 23 anos, já a trabalhar por conta própria na ilha do Faial, projetou e construiu o atuneiro "Pico", de 22,86 metros.

"O que é muito raro num homem como o mestre José Melo é que não foi preciso amadurecer para se notabilizar e isso só está ao alcance das pessoas profundamente inteligentes e competentes", observou o diretor do museu.

De 1956 a 1961, viveu na ilha de São Miguel, onde foi funcionário da Sociedade Corretora, Lda., e responsável pela manutenção de uma frota de 27 embarcações, tendo construído para esta empresa diversos barcos.

Ainda em 1961, já casado, José Melo emigrou para os Estados Unidos da América, onde vive, e foi trabalhar para a companhia de construção naval "Pearson Yachts".

"Durante este tempo fez moldes em madeira para a produção em série de cerca de 23.000 embarcações, em fibra de vidro", adianta o museu, referindo que depois o construtor naval foi para a "Alden Yachts".

Entre 1990 e 2003 fez parte do programa "Folk Arts/Traditional Arts Apprenticeship da RISCA - Rhode Island State Council on the Arts", para ensinar aos jovens a construção naval em madeira, cuja participação despertou o desejo de preservar o património associado a esta atividade no Pico.

Assim, na antiga oficina do pai, em Santo Amaro, instalou em 2010 o Museu Marítimo, onde concentrou um "vasto e valioso conjunto de objetos relacionados com a história da construção naval" da ilha.

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