Açoriano Oriental
Exposição em Ponta Delgada mostra obras de Duarte Maia, "um finíssimo pintor"
O Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada, Açores, exibe a partir de quinta-feira uma exposição sobre Duarte Maia, um "finíssimo pintor", segundo o diretor da instituição, que reconhece ser este artista quase um ilustre desconhecido
Exposição em Ponta Delgada mostra obras de Duarte Maia, "um finíssimo pintor"

Autor: LUSA/AO online

"Esta designação não é nossa, mas é de António Nobre que, ao passar pelos Açores rumo aos Estados Unidos, fez questão de ir visitar ou de rezar à campa do Antero [de Quental] e, como tinha tido esta convivência já com o artista, designa-o, na investigação que foi feita, (…) como um fino pintor; e é, na verdade, um finíssimo pintor”, afirmou hoje à agência Lusa o diretor do museu, Duarte Melo.

Segundo o responsável, “pelo percurso da obra, e também pela postura que é referenciada pelos amigos”, Duarte Maia (1867- 1922) “era um ‘gentleman’, filho de famílias aristocratas dos Açores”, mesmo “uma alta elite aristocrata, pessoas muito viajadas”.

“Duarte Maia bebe precisamente de tudo isto que a vida lhe proporcionou, e bebe com bastante elegância e ao mesmo tempo humildade”, afirmou o responsável.

A mostra, intitulada “Duarte Maia – Um fino pintor”, quando passam 150 anos do seu nascimento, quer projetar um artista que é quase um ilustre desconhecido dos Açores, o que, para o diretor do museu, “é uma injustiça”.

“A obra deste homem, que é reduzida porque houve também um incêndio que consumiu uma grande parte [da sua produção], é uma obra maior, de um artista maior”, salientou o diretor do museu, destacando que “todas as pessoas que se abeiram dos seus quadros sentem esta emoção, porque é uma obra marcada pela ternura imensa do artista, e a qualidade da técnica”.

Duarte Melo destacou que “Duarte Maia é um pintor do século XIX, mas vai beber das correntes naturalistas”.

“Eu diria que ele vive permanentemente de uma inquietude, da inquietude da luz. Toda a obra do artista é que vive de muitas subtilezas, de pormenores e que tem uma execução muito cuidada em termos de pincelada”, precisou.

A mostra contempla 70 obras, da coleção do museu e de privados, mas apenas 43 são deste artista.

Estas reportam-se ao tempo académico do pintor, bem como às “suas vivências de Paris” e às viagens que realizou, mas também será possível ver “um número de obras bastante marcadas pela corrente naturalista mas que, de certa forma, evocam já um certo regionalismo, as vivências dos Açores”.

“As restantes, simplesmente na plasticidade do discurso, irão fazer conexões ou relações com o próprio artista”, declarou, referindo que a exposição inclui obras dos mestres de Duarte Maia, como Simões de Almeida (tio) e Silva Porto.

Já das vivências académicas ou cumplicidades do autor, vão também estar em exposição trabalhos de Veloso Salgado, Luciano Freire, Sousa Pinto, Canto da Maia e Domingos Rebêlo.

A exposição, cuja curadora é Leonor Pereira, tem por objetivo “assinalar as 150 idades do nascimento deste notável pintor”, mas também o Dia Internacional dos Museus.

É inaugurada às 18:00, de quinta-feira (mais uma hora em Lisboa), no Núcleo de Arte Sacra do Museu Carlos Machado.

Duarte Maia ingressou aos 13 anos na Escola Académica de Lisboa, para a futura admissão no curso de Direito em Coimbra, mas a opção recaiu nas artes, tendo frequentado as Belas Artes, em Lisboa.

Em 1887, partiu para Paris e, dez anos depois, regressou a São Miguel, tendo integrado a comissão organizador das primeiras exposições de belas artes de Ponta Delgada, iniciativas que “acompanham a formação da secção de Arte” do Museu Carlos Machado, criada em 1912.

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